Apesar de já se terem disputado 17 Grandes Prémios da Malásia e de haver pilotos com grande número de corridas realizadas em Sepang – 16 para Button, 14 para Alonso ou 13 para Raikkonen –, este fim-de-semana é como se encontrassem uma nova pista, quando começarem os primeiros treinos livres.
Quem o diz é director da pista, Razlan Razali, que acrescenta: «Para os pilotos é como se chegassem a Sepang pela primeira vez!». E, no entanto, o desenho do traçado malaio mantém-se igual… O «diabo» está, como sempre, nos detalhes! O reasfaltamento total dos 5,5 km da pista – que anulou os famosos ressaltos nas curvas 1 e 4 –, as pequenas alterações em nove curvas e 600 metros de novos correctores reconstruídos de acordo com as regras da FIA e da FIM (a federação de motociclismo, pois este circuito também acolhe o MotoGP) mudaram muita coisa!
A maior mudança que os pilotos terão de estudar bem no primeiro dia de treinos – embora já levem o «trabalho de casa» feito, dos simuladores – é a última curva, ponto de ultrapassagem por excelência e local decisivo para a velocidade máxima que se atinge, depois, na recta da meta. A parte interior do gancho foi elevada em um metro, o que significa que a curva ficou ligeiramente inclinada para fora. Dizem que facilitará as ultrapassagens, isso logo se verá. Mas que obrigará a alterar a trajectória, disso não haverá dúvidas.
Por outro lado, a nova camada de asfalto tem ainda outras implicações, como o director técnico da Pirelli, Mario Isola, fez questão de lembrar. Vejamos o seu… relatório: «Há bastantes alterações e pudemos aproveitar a passagem dos nossos colegas das Superbikes que nos fizeram as medições do novo asfalto com a instrumentação laser. Este asfalto é um pouco menos agressivo, embora ainda seja muito abrasivo. Mas a Malásia estava a mais de 120%, comparando com a nossa escala média e baixou uns 5 a 10%, o que é significativo». Talvez por isso as equipas tenham escolhido maioritariamente pneus da mistura menos dura, os macios…
«Os ressaltos desapareceram, a pista está totalmente lisa e a inclinação de algumas curvas está completamente diferente. Por outro lado, o envelhecimento do asfalto, nesta fase inicial, é particularmente rápido, o que significa que quando o medirmos agora já será diferente ao que era em Junho. Mas as equipas só escolheram os pneus depois de conhecerem as medidas do novo asfalto, feitas pelos nossos colegas das Superbikes, em Junho», esclareceu Isola.
Mas estas alterações farão, de facto, deste Sepang uma pista completamente nova?! «Cria, pelo menos, muitas incertezas… Haverá trajectórias um pouco distintas, a rugosidade diferente do asfalto significa temperaturas e degradação distintas nos pneus, a ausência de ressaltos permite que os carros sejam afinados com menor altura ao solo», explica Isola, antecipando a possibilidade de os tempos serem bastante mais baixos este ano.
Mas não deixa de ser curioso como um circuito que as equipas conhecem tão bem, há 17 anos, de repente, com pequenas alterações cirúrgicas, se pode transformar num território desconhecido!