No terceiro dos quatro dias de testes de Barcelona, mas o último em que se mostraram as «performances» dos carros – amanhã a pista será molhada para que todos rodem com pneus de chuva –, a Mercedes pode ter ficado com o melhor tempo, graças à volta feita por Valtteri Bottas, na parte da manhã. Mas terá ficado de sobrolho franzido ao ver o trabalho consistente e os resultados obtidos por Sebastian Vettel com o Ferrari!
O alemão foi o piloto que mais voltas cumpriu (139!) e conseguiu mesmo ficar a dois décimos do tempo de Bottas com pneus dois graus de dureza acima: macios contra os ultramacios usados pelo finlandês. Quando Bottas rodou com macios, o melhor que conseguiu foi uma marca superior em 0,155 s ao que Vettel obteve. O alemão acabou o dia de treinos a ser empurrado para a «box» depois de ter ficado parado na entrada da recta da meta, mas calcula-se que tenha sido uma falha… programada, uma falta de gasolina propositada para ter uma noção real do consumo do motor do SF 70 H.
Pela primeira vez, e depois de vários protestos, a Scuderia interrompeu o seu «blackout» e Vettel não se fez rogado: «Temos ainda muito a fazer, muitos quadrados em que pôr um visto! Mas é verdade que tivemos três bons dias de testes». Quanto aos carros deste ano, o alemão mostra-se animadíssimo: «Para os pilotos são melhores em tudo. Travam melhor, curvam melhor, têm mais tracção. Porque mesmo nas curvas lentas, quando a aerodinâmica conta menos, entram os pneus grandes em acção. Não dá para comparar com o carro de 2016, é um animal diferente, é uma besta!».
Lewis Hamilton teve uma tarde algo monótona, com muito trabalho de investigação na parte aerodinâmica, fazendo muitas voltas (95 em meio dia!) com pneus macios e sem forçar o andamento. E falava assim dos novos carros: «Não são nada fáceis de guiar, são tão mais rápidos nas curvas. A precisão é ainda mais importante que no passado. Comparativamente, o carro do ano passado era muito mais fácil de guiar do que este». Mas a Mercedes parece ter acertado de novo, só hoje, entre os dois pilotos, somou mais 170 voltas, tendo já atingido os 2280 km em três dias, o equivalente a quase 7,5 Grandes Prémios. Em três dias!
Se olhar para a tabela dos tempos e para os pneus usados não chega, oiça-se Daniel Ricciardo para a primeira conclusão destes três dias de testes: «É verdade que ainda não tentámos fazer um tempo nem explorar verdadeiramente a ‘performance’ do nosso carro, mas parece-me que a Mercedes e a Ferrari estão na frente. Mas nós não estaremos muito longe», referiu o piloto da Red Bull. Mas também a Renault parece estar a fazer um trabalho interessante, com os seus dois pilotos a conseguirem hoje rodar, com os mesmos pneus, nos tempos do Red Bull. A Renault teve, contudo, uma má notícia, ao ser «aconselhada» a alterar a fixação da asa traseira por não estar conforme os regulamentos…
Grosjean diz-se frustrado por pequenos problema no Haas não o deixarem rodar tanto como gostaria, enquanto Alonso conseguiu, finalmente, acumular quilómetros mas… devagar! Mesmo com pneus ultramacios, o seu tempo ficou a quase 3 s do de Bottas… Na Toro Rosso também rodaram os dois pilotos mas, à tarde, Sainz teve o treino terminado de forma prematura devido a um problema de transmissão.
Resta o «caso Stroll»… O jovem canadiano continua a aprendizagem e, uma vez mais, saiu de pista. No final da manhã e a meio da tarde. Recebeu a solidariedade de Hamilton, depois do despiste da tarde em que deixou a frente do FW40 em mau estado: «Este é o ano mais duro para ele se estrear na F1 por causa do carro que é tão complicado. Mas é bom que passe por isso aqui e não na primeira corrida».
Sucede que, no despiste da tarde, talvez Stroll não tenha sido o verdadeiro culpado… Uma fonte da equipa revelou que o canadiano poderá ter sido apanhado de surpresa por um problema na caixa, numa altura em que estava numa volta de saída da «box», com pneus médios frios e o depósito cheio. A verdade é que o carro chicoteou e acabou contra a barreira de pneus, danificando a suspensão dianteira-esquerda e a asa. «Passou-se qualquer coisa com o carro e fui um pouco vítima da situação, mas ainda estamos a ver o que foi», contou Stroll, numa versão confirmada por Rob Smedley que adiantou não ter a certeza de a equipa ter o carro pronto a tempo de poder participar, amanhã, no último dia de testes! Tempos de hoje:
Pos | Piloto | Equipa | Tempo | Voltas | Pneus |
---|---|---|---|---|---|
1 | Bottas | Mercedes | 1:19.705 | 75 | US |
2 | Vettel | Ferrari | 1:19.952 | 139 | S |
3 | Ricciardo | Red Bull | 1:21.153 | 70 | S |
4 | Palmer | Renault | 1:21.396 | 51 | S |
5 | Hülkenberg | Renault | 1:21.791 | 42 | S |
6 | Ericsson | Sauber | 1:21.824 | 125 | SS |
7 | Hamilton | Mercedes | 1:22.090 | 95 | S |
8 | Grosjean | Haas | 1:22.118 | 56 | SS |
9 | Stroll | Williams | 1:22.351 | 98 | S |
10 | Alonso | McLaren | 1:22.598 | 72 | US |
11 | Sainz | Toro Rosso | 1:23.540 | 32 | M |
12 | Celis Jr | Force India | 1:23.619 | 70 | S |
13 | Kvyat | Toro Rosso | 1:23.952 | 31 | M |
Amanhã, a pista de Barcelona será encharcada com o auxílio de diversos camiões-cisterna para, como previsto, todas as equipas poderem testar os pneus de chuva e os intermédios da Pirelli. Serão diversas as escuderias que terão os seus dois pilotos a rodar, o que faz todo o sentido para lhes proporcionar uma experiência com os pneus menos usados durante o ano mas que, quando são «chamados», são-no em condições sempre difíceis.
Após a sessão de amanhã, a F1 regressa a Barcelona para os testes derradeiros antes do G.P. da Austrália entre 7 e 10 de Março.