Sebastian Vettel e a Ferrari podem ter brilhado alto na última aparição do alemão ao volante do SF 70 H antes do G.P. da Austrália, com a obtenção do melhor tempo já conseguidos nestes testes de Barcelona. Mas, na verdade, houve indicações de que, uma vez mais, Scuderia e Mercedes, com Hamilton, andaram a brincar ao gato e ao rato, escondendo jogo e guardando trunfos para Melbourne!
Diz quem viu que, na volta em que estabeleceu a melhor marca dos sete dias de testes até agora realizados, Vettel levantou o pé à saída da última curva e deixou o carro rolar até à meta… O que significa que o Ferrari poderia ter feito um tempo bem mais baixo. É também provável que Hamilton tenha feito o mesmo noutros pontos do circuito, alguns analistas já disseram que o W08 tem ainda muito tempo para tirar…
É o «esconde esconde» normal nestes testes, em que é até habitual fazer só um ou dois parciais a fundo para se perceber como o carro funciona, mas depois se estraga a volta para… não dar nas vistas! A nível de factos, a Ferrari bateu a Mercedes no dia em que ambas meteram pneus ultramacios ao mesmo tempo nos seus carros. Mas não deixa de causar surpresa e desconfiança que o alemão só tenha tirado três décimos ao tempos que obtivera com pneus macios…
Hoje foi, aliás, um dia em cheio para Vettel e a Scuderia que, depois de terem estabelecido a melhor marca de manhã, entregaram-se a uma simulação sem faltas de Grande Prémio durante a tarde, totalizando 156 voltas. Ou seja, em dois dias de testes, o alemão somou 324 voltas, o equivalente a 1508 km, cerca de cinco Grandes Prémios! Apesar de tudo, Vettel continua a recusar o papel de favorito: «É tradicional ver os Mercedes mais lentos nos testes e depois aparecerem muito mais rápidos nas provas. É óbvia a sua velocidade nas séries longas de voltas, continuo a achar que são a equipa a bater», comentou.
E, de facto, no exercício de simulação feito à tarde, em que se pôde comparar com Valtteri Bottas, a fazer o mesmo para a Mercedes, notou-se uma diferença. O finlandês rodou constantemente no segundo 23, com uma estabilidade impressionante, enquanto o alemão tinha maiores flutuações de tempos, subindo para o segundo 24 ao fim de algumas voltas… e talvez aqui resida uma diferença já real para a forma de cada uma das equipas em configuração de corrida.
Já na Red Bull, que todos esperam poder dar luta aos homens da frente, o dia não correu tão bem, como o próprio Daniel Ricciardo reconheceu, ao fim de 128 voltas com pneus macios: «Gostava de dizer que estivemos a fazer ‘bluff’ mas não foi… No início da semana achei que estávamos mais rápidos. Nos outros dias fizemos bons progressos, mas acho que hoje ficámos um pouco confusos nas afinações. Vamos tentar encontrar algumas respostas para, amanhã, o Max poder evoluir ainda mais o carro».
Foi assim que o Red Bull acabou por nem estar em condições de montar pneus mais rápidos para atacar os tempos que Ocon – magnífico no Force India! – e Kvyat (Toro Rosso) tinham estabelecido de manhã. E acabou até ultrapassado por Magnussen, a fazer progressos com o Haas que continua a debater-se com problemas de travões, ao ponto de Romain Grosjean voltar a insistir com a equipa para trocarem de fornecedor!
Apesar de ter ficado parado em pista de tarde, Kvyat estava satisfeito com os progressos do Toro Rosso: «Finalmente senti prazer em conduzir este carro!». Também a Renault continua a ter graves dores de cabeça com o seu motor… no seu carro (não tanto no Red Bull) e Palmer parou igualmente na pista. Mas, dos pilotos que tiveram o dia inteiro para si, o que menos rodou foi, de novo, o homem da McLaren/Honda, neste caso Stoffel Vandoorne, que parou por duas vezes por avaria. «É óbvio que temos um problema entre mãos», desabafou Zal Brown, o novo líder da equipa. «Mas não falaria em crise, é uma palavra demasiado forte». Pelo menos por enquanto… Tempos da penúltima jornada de testes:
Pos | Piloto | Equipa | Tempo | Voltas | Pneus |
---|---|---|---|---|---|
1 | Vettel | Ferrari | 1:19.024 | 156 | US |
2 | Hamilton | Mercedes | 1:19.352 | 52 | US |
3 | Ocon | Force India | 1:20.161 | 137 | US |
4 | Kvyat | Toro Rosso | 1:20.416 | 94 | SS |
5 | Magnussen | Haas | 1:20.504 | 119 | US |
6 | Ricciardo | Red Bull | 1:20.824 | 128 | S |
7 | Vandoorne | McLaren | 1:21.348 | 48 | US |
8 | Bottas | Mercedes | 1:21.819 | 95 | S |
9 | Wehrlein | Sauber | 1:22.347 | 44 | US |
10 | Palmer | Renault | 1:22.418 | 53 | S |
11 | Ericsson | Sauber | 1:23.330 | 88 | S |
12 | Massa | Williams | 1:24.443 | 80 | M |
13 | Stroll | Williams | 1:24.863 | 85 | S |
Amanhã encerram os testes de preparação para o arranque do Mundial de Fórmula 1. Depois, as equipas farão uma profunda revisão aos seus carros e estudarão todas as falhas sucedidas, para perceberem os pontos mais frágeis. Em breve será a altura de embarcar toneladas de material em contentores para os meter nos aviões que os levarão até Melbourne, por volta de dia 19 ou 20, para que tudo esteja a postos para o primeiro treino do ano, no dia 24 de Março.