O calendário do Mundial de 2018 que, sabe-se já, terá 21 corridas, poderá ver o seu formato ligeiramente alterado. Isto porque os novos detentores dos direitos comerciais do campeonato, os americanos da Liberty Media – a propósito, está demorada a formalização do Formula One Group… – pretendem agrupar as provas por «blocos geográficos», de forma a facilitar as operações e baixar os custos do ponto de vista logístico.
«A ideia é agrupar as corridas em função dos fusos horários em que se encontrem, para que faça mais sentido do lado da logística», defendeu Chase Carey, o homem forte da Liberty Media. O exemplo mais óbvio é o do G.P. do Canadá que obriga a uma deslocação intercontinental mal a temporada europeia começou, quando se podia juntar à «temporada» americana, em Outubro/Novembro, quando se já se concentram Estados Unidos, México e Brasil. O problema é que, nessa altura do ano, a meteorologia em Montreal já é menos previsível que em Junho…
Mas também Sean Bratches, o vice-presidente da Liberty Media para a parte comercial, reforça aquela visão do calendário que até fará algum sentido. E explica: «Num sentido lato, gostaríamos de criar um equilíbrio entre a Europa, as Américas e a Ásia. Num mundo perfeito teríamos todas as corridas numa região e depois passaríamos à região seguinte e por fim à outra. Haveria óbvios benefícios para as equipas em termos de movimentar toda a logística em torno do Mundo, mas também para os fãs que gostam de nos acompanhar».
E Bratches concretizou a sua ideia: «Podíamos explicar aos fãs: ‘nos próximos dois meses e meio terão de acordar cedo para ver as corridas, depois durante dois meses e meio poderão vê-las à hora do almoço e, a seguir, serão à noite’». À partida, a ideia até parece fazer sentido, mas isso obrigaria a grandes alterações no calendário e até a situações que se sabe não serem do agrado dos organizadores.
Logo para começar, se do lado logístico faria todo o sentido, do ponto de vista «político» não há grande abertura dos promotores do Bahrain e do Abu Dhabi de fazerem as suas provas juntas. Por alguma coisa estão em «extremos» opostos do calendário… Para o ano já não haverá Malásia, mas faria sentido juntar todo o Extremo Oriente, com China, Japão e Singapura e até talvez «encaixar» neste grupo a Austrália. Se estamos a falar de blocos geográficos, com que outro se poderia juntar a prova de Melbourne?
Mas isso obrigaria a colocar Singapura e Japão numa fase inicial do campeonato, o que não é do agrado dos promotores, e empurraria o Bahrain muito para a frente, o que também não seria popular… Ou, então, deixar de abrir o Mundial na Austrália e empurrá-la, com a China, para após a temporada europeia, outra ideia pouco popular junto das gentes de Melbourne!
Ou seja, tirando a eventual mudança do Canadá para formar um «bloco das Américas», a ideia parece de facto boa e até carregada de lógica no papel mas extremamente complicada e difícil de colocar na prática. Mas lá está, tudo depende da habilidade de negociação dos responsáveis da Liberty Media. E, como referiu Sean Bratches, aquela ideia seria assim… num mundo perfeito!