Após duas corridas na Europa, a Fórmula 1 dá um «saltinho» ao outro lado do Atlântico para uma das provas mais apreciadas da temporada: o G.P. do Canadá goza do ambiente descontraído que caracteriza a cidade de Montreal e costuma proporcionar corridas movimentadas e, por vezes, com desenlaces inesperados. Veja-se a última edição, em que Daniel Ricciardo (Red Bull) obteve a primeira das suas três vitórias, depois dos problemas de travões dos Mercedes.
Este é precisamente o ponto em que o temporário circuito de Gilles Villeneuve – a pista, estreada em 1978, foi rebaptizada com o lendário piloto canadiano depois da sua trágica morte, em 1982 – é dos mais duros da temporada: uma pista que alterna fortíssimas travagens com reacelerações a fundo, exige uns travões à prova… de tudo (as curtas rectas não chegam para arrefecerem), além de motores que juntem a elevada potência com facilidade de utilização.
Como aprendeu Lewis Hamilton há um ano, este é traçado em que qualquer falha do sistema de recuperação da energia de travagem (que auxilia e muito a abrandar os carros) significa abandono quase certo, pois os pequenos discos traseiros não aguentam o trabalho «a solo» a que ficam obrigados… A travagem mais delicada fica no final da recta de quase 1 km que termina na chicane de entrada na recta da meta, onde qualquer erro se pode pagar na «visita» ao chamado «muro dos campeões», tal a quantidade de grandes pilotos que já lá bateram…
O G.P. do Canadá costuma ser uma prova movimentada, com grandes hipóteses de toques logo na partida, pela sequência esquerda-direita relativamente lenta. Ou seja, quando os homens da frente já travaram e estão a inserir os carros na curva, ainda a parte final do pelotão está a acelerar a fundo… O «safety car» é frequentemente usado nesta pista, obrigando a reacção pronta dos estrategas das equipas. E a Mercedes aprendeu uma dura lição no Mónaco…
O mesmo se pode dizer de Lewis Hamilton que chega a Montreal disposto a retomar o domínio dentro da equipa Mercedes. Contudo, depois do sucedido nas ruas de Monte Carlo, a vantagem psicológica está claramente do lado de Nico Rosberg que está a apenas 10 pontos do colega de equipa e líder do Mundial. Hamilton terá de ter um grande auto-controlo para não «tentar demais» bater Rosberg, levando-o a cometer erros. Mais um belo duelo em perspectiva!
Os Mercedes aparecem, naturalmente, como favoritos, embora os Ferrari (em especial Vettel) possam dar-lhes algum trabalho na corrida, onde poderá haver desgaste prematuro dos pneus. A Pirelli levou para o Canadá os mesmos pneus supermacios (vermelhos) e macios (amarelos) que usou no Mónaco, mas em Montreal as exigências são bastante maiores. Ou seja, a boa utilização dos pneus pode voltar a ser um dado a ter em conta no desenrolar da prova.
Os treinos livres para o G.P. do Canadá realizam-se na sexta-feira, às 15 e 19 horas de Portugal Continental e no sábado, às 15 horas. Segue-se a qualificação às 18 horas, enquanto a corrida se disputa no domingo, a partir das 19 horas. As previsões meteorológicas apontam para qualificação e corrida com piso seco e temperaturas amenas.