Desde há dois dias que, ao olhar para a lista dos dirigentes que a FIa escolhera para as conferências de imprensa desta tarde, se percebera que era hoje que as mudanças de que tanto se falava iriam ser oficializadas. Não era por acaso que a FIA tinha emparelhado Abiteboul (Renault) com Brown (McLaren) numa e Hasegawa (Honda) com Tost (Toro Rosso) na outra… E a confirmação apareceu logo o treino livre quando começou a chuva de comunicados, primeiro com os «divórcios», depois com os «casamentos».
Nada que não tivéssemos já aqui adiantado, mas não há nada como as coisinhas oficializadas, anunciadas e certinhas! A McLaren e a Honda choraram baba e ranho pelo que lhes custou separar-se após três anos em que tudo tentaram para que a sua relação desse certo, apesar da má língua que nunca parou do lado dos britânicos… Por outro lado, a Toro Rosso e a Renault diziam que já chegava de vida em conjunto, pois ambos tinham novas paixões, a marca francesa por uma equipa de maior gabarito, a equipa italiana por um chorudo cheque nipónico e motores «à borla» que, esperam, hão-de melhorar da noite para o dia.
Quatro entidades pesarosas que, ao virar da esquina, como por milagre, encontraram as suas novas paixões, reentrando num mundo maravilhoso de alegria e felicidade! A McLaren e Renault anunciaram noivado imediato, com casamento a partir do início de 2018 e com duração de três anos – calcula-se que depois disso haja um conselheiro matrimonial que os ajude a decidir se a relação é para prosseguir – e com o objectivo confesso de lutar pelas vitórias já a partir do próximo ano.
A Honda desfez-se perante a sedução latina da Toro Rosso que, por sua vez, não resistiu aos encantos… nem ao dote dos nipónicos! Juras de amor e casamento logo marcado, também para o início do ano, mas aqui sem prazo para acabar, apenas um contrato «plurianual». Como é bonito o amor na Fórmula 1!... E volátil! Seguiram-se aquelas habituais e banais declarações de ocasião, de profunda tristeza pelas partidas e de esperança infinda pelas novas relações.
Mas os gestos amorosos não se ficam por aqui nesta sexta-feira de todas as boas vontades! Carlos Sainz estava farto de andar pela Toro Rosso, sem perspectivas de promoção dentro da Red Bull; a Renault queria ser compensada pelo «divórcio» (alegadamente) unilateral da Toro Rosso – sabe-se agora que tinha outra «relação» em «stand by»… – e até chegou a tentar exigir Daniel Ricciardo como «paga». Quando Helmut Marko parou de se rir, encheu-se de boa vontade e disse-lhes para levarem Carlos Sainz em 2018 mas… por empréstimo!
Ou seja, no próximo ano a dupla da Renault será Hulkenberg-Sainz mas se, em 2019, a Red Bull precisar de um piloto (saída de Ricciardo, de Verstappen… ou dos dois!), vai lá resgatar Sainz. Agora pergunta-se: no plano da Renault faltam três épocas para entrar na luta pelo título e é com pilotos emprestados por apenas um ano que dá o salto qualitativo nessa direcção?! Valha-nos o ambiente tão amoroso que se vai respirando na F1… Para Sainz será a segunda vez que se vai sentar no «cockpit» de um Renault F1 depois de o ter experimentado, há muitos anos… quando era um adolescente e fã incondicional de Alonso (ver foto).
Todos estes anúncios estavam já previstos e, como era bom de ver, sucederam todos em cadeia e no espaço de escassos minutos. A única surpresa será mesmo a passagem de Sainz para a Renault ser apenas por empréstimo e o espanhol continuar a ser piloto Red Bull. Quanto ao que se dizia de a estreia de Sainz na Renault acontecer já na Malásia, conta-se a história de o pai de Palmer ter recordado à Renault uma cláusula no contrato que isso implicaria uma indemnização de… 6 milhões de dólares!
Mas foi da Red Bull que acabou por vir a única verdadeira surpresa… Porque, de repente, a equipa pode ter ficado sem motores para 2019 e 2020, por a Renault não ter aceite, segundo constou, o prolongamento do contrato actual que vai até final de 2018. E isso poderia obrigar a Red Bull a alinhar também nos motores Honda para esses dois anos, havendo até rumores de que o poderia fazer já no próximo ano, embora seja de duvidar, pois o carro de 2018 já está praticamente feito em torno do motor Renault… ou TAG/Heuer. Porque já se parte do princípio que, em 2021, a Porsche toma conta das operações…
Mas Christian Horner lançou uma pista inesperada, depois de confirmar que continuarão com o motor Renault no próximo ano: «Anda aí muita especulação. Temos um contrato firme para o próximo ano e ,neste momento, qualquer coisa que se diga acerca de 2019 é pura especulação. Estamos focados em 2018 e logo se verá o que se passa em 2019». Mas Horner surpreenderia ao chamar a atenção que, apesar de tudo o que se fala sobre Honda e Porsche, poderia haver um anúncio muito interessante em breve, enquanto recordava que a sua equipa tem ligações com um construtor automóvel. Que é… a Aston Martin! Será que?...