Lewis Hamilton manteve a sua vitória no G.P. de Itália, depois de os Comissários Desportivos da FIA terem considerado não poder penalizar o alegado erro cometido pela Mercedes nas pressões dos pneus dos seus carros… por os procedimentos de medição não serem suficientemente claros. Uma decisão que não deverá convencer todos os envolvidos na F1 e que fará ainda correr muita tinta…
Mas vejamos rapidamente o que se passou. Segundo o comunicado do delegado técnico da FIA, Jo Bauer, houve uma verificação do pneu traseiro-esquerdo dos carros de Hamilton, Raikkonen, Vettel e Rosberg, na grelha de partida, após o sinal de cinco minutos para a partida. O delegado da FIA, em conjunto com um técnico da Pirelli, controlou a temperatura do piso e a pressão desses pneus e todos foram aprovados quanto à temperatura, mas apenas os da Ferrari passaram o «exame» da pressão, cujo valor mínimo foi determinado para esta corrida, com força de lei.
No pneu de Hamilton foi detectada uma pressão de 0,3 psi inferior à mínima recomendada pela Pirelli (19,5 psi para os pneus traseiros) e no de Rosberg a diferença foi de 1,1 psi abaixo do valor apontado. O delegado técnico comunicou o que detectara aos Comissários desportivos que convocaram os responsáveis da Mercedes para darem explicações, no final da corrida. Dois casos semelhantes ocorridos em corridas do GP2 em Monza tinham ditado a exclusão dos pilotos…
No entanto, as explicações dos técnicos da Mercedes parecem ter convencido os Comissários da FIA. Paddy Lowe, director-técnico da equipa, ao sair da reunião, não entrou em grandes detalhes explicando apenas: «Dissemos tudo o que fizemos na preparação da corrida. Operámos como sempre fizemos, apenas com os valores diferentes que foram adoptados para este fim-de-semana. Mas os processos foram os mesmos e trabalhando sempre muito próximos com o engenheiro da Pirelli que nos acompanha e que se disse satisfeito com o que fazíamos».
Quase duas horas e meia após o final da corrida, a decisão «absolveu» a Mercedes de qualquer procedimento incorrecto e manteve a vitória em Monza na posse de Lewis Hamilton que, assim, deu passo gigante para a revalidação do título. No comunicado dos Comissários lia-se a explicação:
«Os Comissários determinaram que as pressões estavam de acordo com as pressões mínimas de partida recomendadas pela Pirelli quando os pneus foram colocados no carro. As coberturas de aquecimento dos pneus tinham sido desligadas das suas fontes de energia, como é normal, e os pneus estavam significativamente abaixo da temperatura máxima permitida para as coberturas de aquecimento [110 ºC] no momento da verificação pela FIA na grelha e significativamente diferentes de temperaturas medidas noutros carros na grelha. Os Comissários decidiram não tomar qualquer acção. No entanto, os Comissários recomendam que o construtor de pneus e a FIA mantenham reuniões futuras para fornecerem regras claras às equipas quanto às medições».
Para Toto Wolff, esta decisão «foi um alívio, depois de termos perdido o Nico nas últimas voltas», mas o director desportivo da Mercedes reconhece: «Não sei de onde veio a discrepância, mas ficou claro que nada foi feito de propósito para ganhar qualquer vantagem. No entanto, temos de alterar os procedimentos para que isto não se repita».
Esta é, contudo, uma decisão que será muito polémica e que originará reacções fortes de algumas equipas que, ainda em Monza, defendiam que a solução do caso só poderia ser a desclassificação de Hamilton, por se tratar da violação do regulamento técnico. «Senão passamos a fazer asas com mais um milímetro ou motores com mais um ou dois centímetros cúbicos», exemplificava Pat Symonds, da Williams. Que o assunto não vai morrer aqui, isso parece certo…