Está feito o negócio, a Liberty Media avançou mesmo para a compra e controlo da Fórmula 1, num investimento total que rondará os 7,6 mil milhões de euros! E, para ir direito às interrogações imediatas, será um senhor de bigode farfalhudo, Chase Carey, quem passará a mandar no «show», embora no imediato (leia-se nos próximos três anos) continue a ser Bernie Ecclestone a comandar o «baile».
«Gostaria de dar as boas-vindas à Libery Media e a Chase Carey à Fórmula 1 e estou ansioso por trabalhar com eles», lê-se um breve comunicado emitido por Ecclestone que, horas antes, dissera à agência «Reuters» não ter ideia de quando iria ser feito o anúncio do negócio e que as discussões iriam impedi-lo de ir a Singapura… Algo de se deve ter precipitado muito rapidamente…
«Tenho uma enorme admiração pela Fórmula 1 enquanto desporto global e espectáculo único capaz de atrair centenas de milhões de fãs em cada época, em todo o Mundo», declarou Carey. «E vejo aqui uma grande oportunidade para ajudar a F1 a continuar a evoluir e prosperar, em benefício do desporto, dos fãs, das equipas, bem como dos investidores».
O que a Liberty Media está a comprar são os 35,5% das acções que controlam os direitos comerciais – televisões, patrocínios, provas, «merchandising», etc. – que estão na posse da CVC Capital Partners desde 2005, o que lhe garante o controlo das decisões na F1. O negócio será feito em duas fases, com a imediata compra de 18,7%, para a qual não precisa de qualquer autorização, e mais tarde dos restantes 81,3%, em que necessita de algumas aprovações, nomeadamente da FIA.
A Liberty Media é um gigante norte-americano, propriedade de um discreto multimilionário, John Malone, que controla um vasto império de meios de Media. Possui também uma companhia «irmã», a Liberty Corporation, que detém 29% da rede Discovery e do Eurosport.
Mas como na F1 as coisas são sempre… «invulgares» aos olhos do comum dos mortais, o homem que fica à frente dos destinos, passando a ser o presidente do Formula One Group, Chase Carey, vem da 21st Century Fox (onde continuará a ser vice-presidente executivo), grupo de Rupert Murdoch, dono da Sky que também se diz que esteve interessado no negócio!
Uma coisa é certa, os novos donos da Fórmula sabem como fazer as coisas, mantendo ao leme aquele que montou o enorme negócio que acabam de comprar. «Eles querem que eu fique por mais três anos», revelou Ecclestone que mantém os seus cerca de 14% que, fez questão de frisar, não estão à venda. «Ele [Chase Carey] poderá fazer muitas coisas que eu não fiz a nível das redes sociais em que parece mover-se bem. Ele tem trabalhado a nível de patrocínios com a sua equipa de televisão, acho que, juntos, vamos avançar com isto».
A ideia de ter um grupo de «media» a liderar a Fórmula 1 parece estar, para já, a ser bem recebida. Mas, e o que tem o novo presidente da F1 a comentar? Nas suas primeiras declarações, Chase Carey diz querer «apenas» elevar a Fórmula 1 a um novo patamar! «A F1 tem sido um enorme sucesso, muito graças a Bernie Ecclestone que lidera este negócio há décadas. Estou entusiasmado por poder trabalhar com ele e ambos concordamos que há uma grande oportunidade de continuar a expandir o negócio para um novo patamar».
Convém, contudo, que os fãs da F1 não esqueçam a palavra-chave em tudo isto: negócio… «Aqui a oportunidade é crescer e desenvolver este desporto em benefício dos fãs, equipas, parceiros e dos nossos accionistas [a Liberty Media está cotada na bolsa de Nova Iorque], aumentando a promoção e ‘marketing’ da F1 como desporto e marca. Melhorando a distribuição de conteúdos, especialmente no digital que representa, actualmente, uma pequena percentagem dos lucros. Melhorando o calendário de provas. Alargando as parcerias comerciais, incluindo patrocínios. Utilizando a experiência da Liberty em eventos ao vivo e na monitorização digital para tornar o nosso espectáculo melhor que nunca!».
No imediato, ou seja, nos próximos três anos, as negociações com as equipas e organizadores continuarão a ser comandadas por Ecclestone. Mas é natural que, aos poucos, se vá assistindo, por fim, ao passar de testemunho do velho senhor. Que, já a caminhar para os «noventas», parece ter ganho ainda mais uns «milhõezitos» (diz-se que à volta de 400…) com mais esta transacção. Quem sabe, sabe!...