O alerta foi lançado a meio desta semana por Chris Aylett, o líder da Motorsport Industry Association, associação que, na Grã-Bretanha, representa largos milhares de postos de trabalho ligados à competição automóvel: a Comissão Europeia pode aprovar um regulamento que obrigue a que também nas competições dentro de circuito seja obrigatório ter os chamados «seguros contra terceiros», como temos nos nossos carros, obrigando a haver uma participação em cada acidente, eventualmente até com a presença e relatório da polícia!
Isto seria, essencialmente, o fim do desporto automóvel na Europa, nomeadamente da Fórmula 1! A consulta pública da nova regulamentação termina já dentro de uma semana, a 20 de Outubro, e é estranho que só agora, tão perto do fim do prazo, os principais interessados em tão sensível matéria pareçam ter acordado para o problema…
Aquela regra seria aplicável aos 27 países membros da União Europeia – e a Grã-Bretanha é obviamente afectada, pois teria de a colocar em vigor antes da decisão final acerca do Brexit… se alguma vez a houver – e estabelece a obrigatoriedade de o utilizador de qualquer meio de transporte, em qualquer local, ter um seguro de responsabilidade civil ilimitada. Ou seja, de tractores a monolugares de F1, de quintas a autódromos, todos terão de ter o tal seguro.
O que esbarra num primeiro problema que é a simples ausência de seguradoras dispostas a fazer aquele tipo de seguros para carros de competição, onde os riscos de colisões são, obviamente, elevadíssimos. Porque as colisões em corridas passariam a ser tratadas como se de banais acidentes rodoviários se tratassem! Imagine-se o que não teria sido na partida do último G.P. de Singapura…
Chris Aylett alerta para que todos os envolvidos no desporto automóvel deverão pronunciar-se contra esta norma e até avança com a solução: «A União Europeia deixa-nos uma opção, conhecida como Opção 3, em que a exigência de seguro se aplica ‘apenas em situação de tráfego’. Se conseguirmos que seja esta a opção vencedora, então o desporto automóvel estará a salvo!».
Este é um problema realmente complexo – mais uma vez: como é que só se acordou para isto agora?! – pois há milhares e milhares (arriscaríamos milhões..) de postos de trabalho nos 27 países da União Europeia directamente ligados à competição automóvel e que podem estar em risco por uma regra que não faz qualquer sentido. Até porque os organizadores das provas já são obrigados a ter os seus próprios seguros e as equipas maiores e as mais responsáveis também segurarão os seus trabalhadores. Mas se aquela ideia absurda for em frente, colocará em risco toda a competição automóvel na Europa. E isso incluirá também a Fórmula 1!