Bernie Ecclestone parece apostado em esticar a corda na sua luta contra as actuais motorizações híbridas, contra as quais vociferou desde… o dia 1. E propõe agora que a F1 volte aos anteriores motores V8 atmosféricos de 2,4 litros… já no próximo ano, quer as equipas concordem ou não! O clima está a ficar tenso…
O velho senhor nunca teve papas na língua e, numa altura em que Red Bull e Toro Rosso continuam sem motor para 2016, pelo menos oficialmente – pois o próprio Ecclestone já declarou que a situação daquelas equipas já está resolvida… –, eis que aparece esta proposta num aparente braço de ferro essencialmente com Mercedes e Ferrari. Se bem que Renault e Honda também não devam achar grande graça à ideia de deitarem fora o que já investiram nas novas motorizações…
Ecclestone quer, acima de tudo, que haja fornecedores de motores independentes. «Há mais de ano e meio que ando a falar nisto. Se a Ferrari só fornecer uma equipa, se a Mercedes só fornecer uma equipa, mais ninguém terá motores. A situação é esta…». Daí ressuscitar os V8 que Mercedes, Ferrari e Renault poderiam, segundo Ecclestone, construir facilmente por ainda os terem, podendo ainda atrair fornecedores independentes como a Cosworth.
Além disso, Ecclestone diz ter ainda acesso a uma alternativa relativamente barata de um motor V6 biturbo com um sistema KERS (recuperação da energia da travagem) básico. E quer que a mudança de motores ocorra já… na próxima época! Como se, para isso, precisa da unanimidade das equipas, algo muito improvável senão mesmo impossível?
Aqui, temos Ecclestone igual a si próprio: «Acho que não precisamos do consentimento das equipas», declarou ao britânico «The Independent». «Penso que devemos apenas tomar a decisão e dizer às equipas ‘se não gostam recorram à arbitragem’. Poderíamos ter os V8 de volta já no próximo ano, todas as marcas os conseguem construir a tempo».
Parece óbvio que esta é uma proposta irrealista e irrealizável nesta altura do ano. Já para não falar na quantidade de processos judiciais que espoletaria e até em eventuais retaliações, leia-se abandonos de construtores por quebra dos acordos! Mas como Ecclestone nunca dá ponto sem nó, fica claro que está já a forçar a alteração de motores para 2017…