Diz-se que sinal de inteligência é (entre muitos outros) perceber quando é chegada a hora de dar o lugar a outros continuarem a nossa obra e se há coisa que ninguém pode negar a Bernie Ecclestone é ter-se mostrado sempre um homem de inteligência arguta! Passados alguns meses de natural azedume por se ver afastado da liderança do desporto que ele próprio construiu, «Mr. E» caiu em si e reconheceu que não seria capaz de trabalhar a Fórmula 1 como a Liberty Media hoje o está a fazer!
Ao fim de seis meses, Ecclestone já percebeu o que os norte-americanos que ficaram com os direitos comerciais da F1 estão a tentar fazer para aproximar a F1 e os seus ídolos dos larguíssimos milhares, até milhões, de fãs e dá todo o valor a esse trabalho. «Fui afastado das minhas actividades na FOM, mas a Liberty Media está actualmente a fazer um melhor trabalho do que eu fazia quando estava em funções», admitiu Ecclestone, em declarações ao canal televisivo «BT Sport».
Calcula-se como lhe terá sido difícil aceitar esta nova realidade mas, lá está, como homem inteligente que é, percebeu a mudança dos tempos e que a máquina que a Liberty Media colocou no terreno – já com muitos sinais visíveis, embora ainda numa fase preparatória do que aí vem – está a funcionar muito bem. «Estou convencido de que, se voltasse agora a tomar conta do negócio, não seria capaz de trabalhar tão bem pela F1. É por isso que está fora de hipótese regressar…».
E Ecclestone não está a falar apenas pelo que vê na televisão, pois este ano já esteve presente em vários Grandes Prémios, onde é sempre recebido com as honras do cargo honorífico que mantém. E não perde oportunidade para se pronunciar, quase sempre de forma polémica, sobre tudo o que se vai passando dentro e fora das pistas…
Quanto à sua saída, nota-se que o azedume não passou por completo, regressando a uma história já tantas vezes contada… «Não me sentia ainda pronto a partir. Quando a Liberty comprou a F1 pediram-me para ficar mais três anos… antes de me dizerem para me afastar! O Chase Carey, que depois tomou o meu lugar, disse-me que cobiçava o meu posto. E é óbvio que, quando compramos um carro, o melhor é sermos nós próprios a guiá-lo».