O G.P. de Espanha deste fim-de-semana é o real exame aos monolugares de 2017 e ao resultado da aplicação das novas regulamentações técnicas. Aquelas que, estarão recordados, queriam que os carros fossem 5 a 6 s mais rápidos por volta numa pista como Barcelona! Será que o são mesmo? A qualificação de sábado tirará isso a limpo, caso se realize com boas condições atmosféricas e não se confirme a previsão de vento forte que dificulta sempre a afinação dos carros…
Antes de mais, como ponto prévio, recorde-se que a barreira do 5 a 6 s mais rápidos refere-se aos carros de 2015, ano em que foi colocada essa premissa para as novas regras. É, pois, em relação à «pole» de 2015 em Barcelona – 1.24,681 de Rosberg (Mercedes) – que as contas terão de ser feitas. O que significa que a «pole» deste ano, para as promessas serem cumpridas, terá de ficar abaixo de 1.19,681, ou seja, cerca de 2,4 s abaixo dos 1.22,000 que deram a «pole» há um ano a Hamilton (Mercedes).
Será isto possível?! Possível é… mas não será fácil! E até se pode dizer que, nos testes deste ano, Kimi Raikkonen foi muito mais rápido, levando o Ferrari a cumprir uma volta a Barcelona em 1.18,635. Aparentemente, estaria garantido. Nada de mais errado… Os tempos obtidos em Março são-no em condições de pista muito mais fria (mais rápida) e, na altura, o finlandês estabeleceu aquela marca com pneus supermacios que não estarão disponíveis este fim-de-semana: a Pirelli leva para Barcelona as suas misturas mais duras, macia (amarelos), média (brancos) e dura (laranjas).
Olhando para o exemplo de 2015, a «pole» foi dois segundos mais lenta que o melhor tempo conseguido nos testes… Também é verdade que ainda há duas semanas, na qualificação para o G.P. da Rússia, Vettel tirou 2,3 s à «pole» de 2016, embora se tratasse de um traçado mais extenso. Parece, portanto, uma missão quase impossível, embora os novos carros tenham, desde os testes, evoluído bastante e recebam, este fim-de-semana, muitas evoluções.
De qualquer forma, mesmo que não cumpram ao centésimo a promessa de serem cinco segundos mais rápidos por volta, não andarão certamente muito longe, a julgar pelo que tem sucedido nas pistas até agora visitadas, como podemos ver nesta tabela em que se comparam as «poles» de 2015 e 2017 e o tempo que se evoluiu:
«Pole» 2015 | «Pole» 2017 | Diferença | |
Austrália | 1.26,327 | 1.22,188 | 4,139 s |
China | 1.35,782 | 1.31,678 | 4,104 s |
Bahrain | 1.32,571 | 1.28,769 | 3,802 s |
Rússia | 1.37,113 | 1.33,194 | 3,919 s |
Objectivo Espanha | 1.24,681 | 1.19,681 | 5,000 s |
Em qualquer dos casos, as «poles» deste ano foram sempre as voltas mais rápidas já estabelecidas naquelas pistas, confirmando que estes são os F1 mais rápidos da história. O que, de certa forma, significa que a promessa das novas regulamentações está cumprida, mesmo que não atinja «milimetricamente» o objectivo dos 5 a 6 segundos por volta…
Curiosamente, onde essa diferença já se verificou foi nos valores das melhores voltas em corrida, como se pode ver neste quadro:
Melhor volta 2015 | Melhor volta 2017 | Diferença | |||
Austrália | 1.30,945 | 1.25,538 | 5,407 s | ||
China | 1.42,208 | 1.35,378 | 6,830 s | ||
Bahrain | 1.36,311 | 1.32,798 | 3,513 s | ||
Rússia | 1.40,071 | 1.36,844 | 3,227 s | ||
Espanha | 1.28,270 | — | — |
Quer isto dizer que, agora, os pilotos conseguem atacar muito mais na fase final das provas, quando os carros já estão mais leves, porque os pneus, mais largos, aguentam bastante mais tempo sem se degradarem em demasia. Permitem, assim, aos pilotos manter um ritmo forte até ao final da prova, em vez de terem de poupar os pneus durante grande parte dos Grandes Prémios.
Estes são dados concretos que mostram que, em termos de rapidez e daquilo que os pilotos procuravam, os novos regulamentos vieram ao encontro dos seus desejos. Agora falta perceber como se resolve a parte de tornar mais fáceis as possibilidades de ultrapassar. Porque, no domingo, há grandes possibilidades de voltarmos a assistir a uma corrida com poucas manobras, pelo menos entre os homens da frente…