O responsável da equipa Prema, Rene Rosin, diz que estaria disposto a subir para a Fórmula 1 com um jovem piloto se os regulamentos lhe permitissem alinhar um só carro e um chassis-cliente. E diz-se preocupado com a falta de saída que os talentos da fórmulas inferiores encontram, não conseguindo concretizar o seu sonho de atingir a F1.
A Prema lidera o campeonato de Fórmula 2 (ex-GP2), graças à magnífica época do monegasco Charles Leclerc, e luta pelos títulos europeu de F3 e italiano e alemão de F4. Ao todo alinha cinco pilotos com ligações à Academia da Ferrari. Isto depois de ter levado Lance Stroll, no ano passado, ao título europeu de F3. O seu patrão sabe bem, por isso, do que fala quando se refere ao que deve ser a evolução dos jovens talentos e, sintomaticamente, as suas declarações aparecem poucos dias de pois de Gunther Steiner, da Haas, ter lamentado a falta de equipas mais pequenas (deu mesmo o exemplo da Minardi) onde antigamente os jovens pilotos se estreavam, como sucedeu com Alonso ou Webber, na escuderia italiana.
Quanto à passagem da Prema para a F1, Rosin mostra-se consciente das dificuldades mas também das únicas condições em que o poderia fazer: «Porque não? A F1 é um sonho para todas as equipas, não apenas para os pilotos mas também para os engenheiros. Claro que sei que é um sonho e que será muito difícil. Teria de haver muitas mudanças nas estruturas do desporto para chegarmos a esse ponto. Dependeria de como tudo estivesse organizado mas, no caso de um carro-cliente, poderia ser organizado. Com a situação actual é impossível. Tem de ser algo planedo, acordado e desenvolvido também a nível de regulamentação».
Porque, acima de tudo, o que faz confusão a Rosin é que os últimos pilotos talentosos que lhe passaram pelas mãos não consigam ter lugar na F1… A Prema dominou, no ano passado, a GP2 com Pierre Gasly e Antonio Giovinazzi que estão «apeados» este ano: o primeiro corre na SuperFormula japonesa; o segundo pôde fazer dois Grandes Prémios substituindo o lesionado Wehrlein na Sauber, brilhando na Austrália mas não sendo muito feliz na China. Agora faz treinos livres pela Haas, mas tem dado importante contributo ao desenvolvimento da Ferrari, pelo trabalho feito no simulador!
«Pilotos como o Antonio, o Pierre ou o Charles têm de estar na F1 porque têm talento para isso. A forma como o Charles está a controlar a F2 este ano é algo incrível, merece de facto uma hipótese», diz Rosin sobre Leclerc que já testou o Ferrari, recentemente, na Hungria, com óptimas indicações. «Têm de lhe arranjar um lugar na F1 [já se fala na Sauber], senão que sentido faz andar nas fórmulas de promoção? Qual é até o sentido da própria F1 se não se conseguem promover os melhores pilotos até lá?!».
Para reforçar o seu discurso, Rene Rosin vai até buscar o exemplo de outro campeão de GP2, Stoffel Vandoorne: «Agora está na F1 mas, no início, também ficou ‘encostado’ na SuperFormula… Se estes pilotos não conseguem chegar à Fórmula 1, que sentido faz terem andado a correr na F2, F3 e F4? Estes miúdos sonham com a F1 e se é impossível lá entrar, então nada disto faz sentido».
Ora aqui está outro tema sobre o qual a Liberty Media se poderia debruçar… Porque não regressar ao tema dos terceiros carros por equipa que poderiam ser alinhados, isoladamente, por estruturas mais pequenas, devidamente formadas na sua assistência e para jovens pilotos serem promovidos das categorias onde tivessem sido bem-sucedidos? E que, também elas, aproveitariam para fazer a sua aprendizagem para, um dia, se tornarem competentes equipas de Fórmula 1? Ah, pois… Há a questão do «bolo» dos prémios que, na perspectiva das equipas actuais, até já é demasiado dividido…