A discussão sobre as ultrapassagens nesta nova era da Fórmula 1 continua na ordem do dia, em vésperas da segunda prova do Mundial, considerada como o primeiro tira-teimas, pelas duas longas rectas do circuito de Xangai, onde se realizará o G.P. da China. Nomeadamente uma das maiores de todo o campeonato, com 1,17 km de extensão que termina numa fortíssima travagem para um apertado gancho. Ora são já vários os responsáveis de equipas a mostrar disponibilidade em discutir medidas de urgência no caso de se provar, este fim-de-semana, que os novos carros tornam as ultrapassagens quase impossíveis.
Cyril Abiteboul, director da Renault Sport Racing, parece um dos mais pessimistas e diz-se preocupado com a falta de ultrapassagens, mesmo se o circuito de Melbourne nunca foi muito dado a essas manobras… «As ultrapassagens fazem parte deste desporto. Se um carro mais rápido não consegue ultrapassar ninguém percebe o que se está a passar…», comentou o francês. «Aí, tudo se passará nas ‘boxes’ mas, com estes pneus tão resistentes, assistiremos a corridas só com uma paragem».
«Não quero soar depressivo, mas esta é uma nova F1 que coloca desafios a toda a gente e temos de ver como a podemos melhorar», prosseguiu o responsável da Renault. «Não apenas como equipa mas num todo, como um desporto no seu conjunto. Provavelmente teremos de perceber como poderemos optimizar o formato que temos nestes novos carros».
A Mercedes mostrou, depois de um estudo efectuado em Melbourne, que não só não se pode culpar apenas a aerodinâmica pela falta de ultrapassagens – a menor degradação dos pneus também tem «culpas no cartório» –, como até poderá suceder que, em certos circuitos, seja a nova aerodinâmica a ajudar a que haja mais ultrapassagens… Por isso, Toto Wolff mostra alguma preocupação mas aborda o assunto com prudência.
«Temos um conceito de monolugar particularmente excitante, sendo a única questão em aberto essa das ultrapassagens», admitiu o austríaco. «Temos de ver como serão as coisas nas próximas duas corridas. E se acharmos que é preciso introduzir alguns ajustes, estaremos abertos a essa discussão. Mas, no geral, penso que estamos no bom caminho».
Já Christian Horner, da Red Bull, prefere destacar o lado bom da nova F1 e deixar a questão das ultrapassagens para mais tarde… «Historicamente nunca houve muitas ultrapassagens na Austrália, por isso é melhor deixarmos essa questão para ser julgada dentro de duas ou três corridas. A China e o Bahrain são duas das pistas onde é mais fácil de ultrapassar, por isso guardemos, para já, os julgamentos… E foquemo-nos nas coisas positivas, os pilotos puderam forçar a corrida quase toda, houve pouca poupança de combustível e quase nada nos pneus e isso foi positivo».