A entrada dos americanos da Liberty Media em cena, comprando os direitos comerciais da F1 e projectando alterações na disciplina que passam por uma maior equidade na distribuição dos dinheiros pelas equipas só podiam causar agitação… Uma F1 sem classes, sem ricos e pobres, sem privilegiados que recebem bónus só… porque sim?! Claro que algumas equipas já se estão a organizar para o contra-ataque nesta «guerra de milhões»!
Segundo publica hoje a revista britânica «Autosport», há já um elemento proeminente de uma equipa a tentar estimular uma aliança entre as escuderias ditas grandes, nomeadamente para proteger os bónus anuais que Ferrari, Mercedes, Red Bull e McLaren recebem. Recorde-se que ainda recentemente a Liberty Media aflorou a hipótese de acabar com o chorudo bónus que a Scuderia recebe anualmente (cerca de 75 milhões de euros) só por ser a única presente no Mundial desde o primeiro ano…
Vendo o seu «status quo» ameaçado e não se mostrando minimamente interessadas em entrar como accionistas no novo Formula One Group – a empresa que ficará detentora dos direitos da F1 –, as equipas começam a reagir formando uma espécie de «sindicato» para defender os seus interesses. Mesmo que à custa da distribuição de mais dinheiro às equipas pequenas…
Não é muito habitual ver as equipas unirem-se, até porque raramente têm interesses comuns e, mais uma vez, é o que irá suceder neste caso. Aquelas quatro equipas poderão fazer força e até ter uma posição negocial bastante forte, mas às restantes pouco interessará alinhar no seu esforço, pois o sucesso daquele quarteto representará a continuação do actual estado em que recebem muito menos dinheiro…
«Estamos disponíveis para participarmos em reuniões e discussões, mas é natural que algumas equipas queiram tentar proteger as suas posições privilegiadas», referiu anonimamente um elemento de uma das equipas mais pequenas ao «Autosport» britânico. «Temos de trabalhar em conjunto pelo bem da F1, ajudando o Formula One Group».
Eis o primeiro sinal do quão difícil irão ser os próximos tempos nesta «guerra dos dinheiros». De início não haverá grandes tormentas, até porque nada poderá mexido até finais de 2019, a validade dos actuais Acordos da Concórdia. Mas já se notam as movimentações e a reacção dos grandes «tubarões» da F1 à entrada da Liberty Media e à sua vontade de mexer com os poderes instituídos… O braço-de-ferro está para começar!