Os pilotos devem ser heróis aos olhos dos fãs e a Fórmula 1 devia observar atentamente como o campeonato norte-americano Nascar trabalha nesse aspecto. Esta é a opinião de Paul Hembery, o director-desportivo da Pirellli, actualmente apostado em apontar novos caminhos para a F1 reconquistar a enorme popularidade que já teve, depois de já ter proposto um enriquecimento do espectáculo dos Grandes Prémios com qualificação à 6.ª feira e uma corrida «sprint» ao sábado.
«Temos um desporto muito dominado pela tecnologia. Gostaria de ver os pilotos posicionados como se fossem reis, as estrelas que as pessoas gostariam e seguir e encontrar», opina Hembery. «Os fãs precisam de heróis! Sentem a falta de uma figura icónica para seguir. E querem ter a percepção de que, quando o piloto X ganha, é porque foi ele quem fez a diferença. Quando as pessoas vêem na televisão o Hamilton a ganhar uma corrida, muitas pensam que cinco outros pilotos com aquele carro teriam feito o mesmo…».
Hembery ficou impressionado com uma experiência recente que teve numa prova de «speedway», em Las Vegas, defendendo que a F1 devia deixar que o público se aproximasse mais. «As traseiras das ‘boxes’ era em vidro e por isso os fãs podiam ver o que se passava lá dentro. E tinham umas janelas que se abriam e onde os pilotos davam autógrafos. E era um evento com 100 mil pessoas!».
E é neste aspecto que o britânico avança o exemplo da competição automóvel mais popular nos Estados Unidos: «Na Nascar o piloto é rei. Mesmo o tipo do fundo da grelha é uma super estrela com um contrato milionário. Gostava de ver os nossos pilotos ganharem esse estatuto, têm de ser estrelas ao nível de um David Beckham. Mas depois temos pilotos que não percebem porque só complicam quando trocam de capacete em todas as corridas e ficam a chorar-se por isso… No tempo dos pilotos icónicos, como um Graham Hill ou um Ayrton Senna, os fãs conheciam-nos pelos seus capacetes!».