Os carros de 2017 serão, sem dúvida, bastante mais rápidos que os deste ano, mas deverá ser a fadiga física dos pilotos e não a configuração dos monolugares a fazer a diferença durante as corridas… Esta é a opinião de Ross Brawn, antigo responsável técnico de equipas como a Benetton, Ferrari, Honda, Brawn e Mercedes, que vê com muita desconfiança a preponderância da aerodinâmica nos regulamentos do próximo ano.
«O que interessa é que as corridas melhorem, mas receio que isso vá suceder porque se vão tornar muito mais difíceis para os pilotos, do ponto-de-vista físico», explicou Brawn que está de volta à F1, após um afastamento de três anos, com um papel de consultoria à Liberty Media, mesmo que ainda não oficializado.
O técnico britânico realça as maiores velocidades em curva que a maior carga aerodinâmica, em conjunto com os pneus mais largos, irão proporcionar, aumentando as forças a suportar pelos pilotos. «Guiar um carro no máximo durante 50, 60, 70 voltas será um enorme desafio para os pilotos. É, por isso, natural que se assista a uma variação do seu desempenho durante as corridas, podendo haver uma quebra no desempenho de alguns. E isso será um elemento positivo».
Já em relação aos carros, Ross Brawn não se mostra tão optimista quanto ao aumento da qualidade da competição: «Vai haver ganhos do lado dos pneus mas a maior parte virá da aerodinâmica e fico sempre nervoso com isso por causa do que implica na relação entre os carros em pista…».
E Brawn explica a relação com a possibilidade de ultrapassar: «Quanto maior a ‘performance’ aerodinâmica, mais sensível se torna a frente do carro. Nem sempre é assim porque a aerodinâmica pode ser modificada e ‘moldada’ para reduzir esse impacto, mas na maioria das vezes é o que sucede. Espero só que estas novas regras não compliquem mais a tarefa dos carros rodarem perto uns dos outros».
Quanto ao aumento da velocidade, não tem dúvidas: «Se vão ser rápidos! Se todos diziam que o objectivo era serem três segundos mais rápidos, posso garantir que serão cinco segundos porque é essa a natureza da F1! Portanto não tenho quaisquer dúvidas, os carros serão muito mais rápidos no próximo ano». Se as ultrapassagens serão mais fáceis é que ainda é coisa para ser vista…
Entretanto, e na sequência do G.P. do Brasil, outro problema se colocou: a qualidade dos pneus de chuva (de que os pilotos já duvidam este ano) e que será mais complexa no próximo ano pelo aumento da largura. A Pirelli fez três sessões de desenvolvimento dos pneus de chuva nas novas medidas com as três equipas envolvidas nesse trabalho (Mercedes, Ferrari e Red Bull) mas Christian Horner já chamou a atenção de que também aí a marca italiana ainda tem de evoluir, relativamente ao próximo ano…