Bernie Ecclestone, o grande patrão da Fórmula 1 nas últimas quatro décadas, poderá estar a viver os seus últimos dias como líder da disciplina, depois de aprovada tanto pelos accionistas como pela FIA a total tomada de controlo da F1 pela Liberty Media. Não é propriamente uma especulação, é o que o próprio Ecclestone assume quando deixa entender que já não tem o seu futuro nas suas mãos…
Para a Liberty Media avançar para a compra dos 81,7% que lhe faltam para ficar com a totalidade da Delta TopCo, a «holding» que controla os direitos comerciais da F1, precisava da aprovação dos seus accionistas e da FIA. A primeira foi conseguida em votação assembleia geral que aprovou também a mudança de nome para Formula One Group. A segunda foi dada pelo Conselho Mundial de ontem.
A Liberty Media vai, portanto, avançar para a tomada de controlo da F1, com a criação do Formula One Group, embora, ao que tudo indica, não tenha conseguido convencer as equipas a alinhar como accionistas. Terem participação no negócio mas não terem direito de voto nem poderem participar nas decisões parece ser uma situação que não interessa às equipas de F1…
Chegados aqui, a situação de Bernie Ecclestone como CEO do Formula One Group – que se pensava estar garantida por três anos – ficou muito periclitante, senão mesmo comprometida. Não só porque Chase Carey, o homem da Liberty Media, já fez saber que, agora, pretende cortar radicalmente com o passado. Mas também porque já se aponta o nome de Sean Bratches, ex-responsável do canal desportivo ESPN, como novo CEO do Formula One Group, precisamente com as funções que Ecclestone sempre desempenhou…
Aos 86 anos, Ecclestone poderá estar, assim, ao chegar ao fim da linha de uma longa carreira em que, convém não o esquecer, elevou a Fórmula 1 de uma competição de «garagistas» britânicos mais a Ferrari e um negócio de biliões a nível global! «Primeiro teremos de ver como irão eles montar a companhia», referiu Ecclestone, em declarações à agência americana «AP».
«Não se trata apenas de mim, é preciso ver qual a direcção que pretendem tomar. De qualquer forma, este dia acabaria por chegar, já era tempo de montar uma estrutura para dirigir a F1 quando eu já não estiver por cá», acrescentou Ecclestone.
Neste negócio há ainda um detalhe que não está totalmente esclarecido, havendo versões contraditórias: a pequena participação de 1% que a FIA ainda detinha na Delta TopCo e que levantava dúvidas às autoridades europeias, por configurar um caso em que o regulador desportivo tinha também interesses económicos. Há uma versão que indica que a FIA conseguiu manter esse 1%, há outra que aponta para um lucro de 40 milhões de dólares com a sua venda…