A primeira prova da segunda metade do Mundial de Fórmula 1 deste ano é também a última desta fase da temporada, antes da habitual pausa de três semanas para que as equipas possam ter umas pequenas férias de Verão. Mas o G.P. da Hungria chega numa altura em que o campeonato de Pilotos está ao rubro, com um ponto apenas a separar Vettel de Hamilton, sendo uma corrida que poderá definir muito do que será o resto deste Mundial…
Depois de uma primeira fase em que houve um enorme equilíbrio de forças entre Mercedes e Ferrari, talvez até com ligeiro ascendente da Scuderia, ultimamente assistiu-se a uma tremenda recuperação da equipa tricampeã do Mundo e a um certo eclipsar dos homens da Maranello. Nas últimas quatro corridas – depois da brilhante dupla no Mónaco –, a Ferrari apenas somou 79 pontos, mais dois que a Red Bull (que teve vários abandonos), enquanto a Mercedes amealhou 151…
Teorias para esta inversão de valores há várias: a Mercedes dominou, por fim, o feitio de «diva» – nas palavras de Toto Wolff – do W08 e já compreende as afinações e a forma de manter a temperatura dos pneus na janela ideal de funcionamento; a Ferrari terá sofrido com as recentes exigências da FIA quanto à proibição da queima de óleo no motor juntamente com o combustível (desde o Azerbaijão) e à maior rigidez do fundo plano do seu carro (na Áustria).
Vettel insiste que o Ferrari continua rápido, em especial em corrida, e que não há o mínimo sinal de pânico em Maranello. Mas este fim-de-semana pode ser decisivo para as aspirações da equipa italiana neste Mundial porque o Hungaroring é uma pista que, teoricamente, deveria deixar o SF70H numa posição confortável: sinuosa e, previsivelmente, com o asfalto bem quente, é um «cocktail» perfeito para o Ferrari e com o qual o Mercedes não se dava nada bem… há dois meses. A que se soma a já longa discussão entre a grande distância entre eixos do carro alemão face ao mais curto italiano, o que poderá significar maior agilidade deste numa pista tão sinuosa.
Se, no domingo à tarde, Lewis Hamilton sair de Budapeste com mais uma vitória – o britânico, com cinco triunfos, é o piloto com mais sucessos no Hungaroring –, não só terá acabado com a curiosidade de este ano ainda ninguém ter ganho duas corridas seguidas, como terá dado forte machadada nas esperanças da Ferrari! De certa forma, apesar de ser Vettel a liderar o Mundial, o G.P. da Hungria acaba por ser mais importante para a Ferrari que propriamente para a Mercedes que terá duas pistas de alta velocidade a seguir à pausa de Verão (Spa e Monza), onde poderá recuperar… Deixar fugir a Mercedes e deixar Hamilton ir para férias à frente do Mundial, numa pista como a húngara, será uma grande derrota para a Scuderia!
O Hungaroring está construído num pequeno vale, com as elevações à sua volta a servirem de bancadas naturais, proporcionando boa visibilidade sobre quase toda a pista, como num anfiteatro. Foi inaugurado em 1986, ainda no tempo da Guerra Fria, sendo uma vitória de Bernie Ecclestone que conseguiu levar a Fórmula 1 a um país do Bloco de Leste. Desde a primeira edição que o G.P. da Hungria foi um enorme sucesso e, já neste século, passou a receber uma «invasão» de adeptos finlandeses, incondicionais apoiantes de Raikkonen.
É o circuito permanente mais lento do Mundial, mas as suas exigências são bem diferentes, por exemplo, das do Mónaco. No Hungaroring é importante acertar com uma boa configuração aerodinâmica, embora se saiba à partida que será sempre uma carga bastante elevada, para fazer face às diversas curvas que se prolongam, algumas delas com a inclinação a «puxar» os carros para fora.
Há um ano o asfalto rondou sempre os 50 ºC, o que é normal no G.P. da Hungria, levando a Pirelli a uma escolha mais cuidadosa dos pneus, até pelas elevadas forças laterais a que são sujeitos. Por isso a marca italiana elegeu para esta prova os supermacios (vermelho), macios (amarelo) e médios (branco), embora os pilotos tenham apostado maioritariamente nos supermacios…
Os horários do G.P. da Hungria são os habituais da maior parte das provas europeias. A saber: duas sessões de treinos livres de hora e meia cada amanhã, sexta-feira, a partir das 9 e das 13 horas, de Portugal Continental e Madeira; uma sessão de treinos livres de uma hora no sábado, pelas 10 horas, com a qualificação a partir das 13 horas; e, no domingo, a corrida a começar às 13 horas, sendo composta por um total de 70 voltas ao circuito de 4,381 km.