É verdade que os títulos já estão decididos, mas ainda há várias coisas em jogo nestes dois últimos Grandes Prémios do Mundial de F1 de 2017, começando já este fim-de-semana no Brasil. Onde, há um ano, se assistiu a um «show» de pilotagem à chuva do jovem Max Verstappen que teve aí o seu «boom» na criação da legião de fãs fora da Holanda!
Este ano tudo indica que não se repetirá o cenário no dia da corrida, pois as previsões apontam para um dia ensolarado, falando em apenas 20% de possibilidades de precipitação. O mesmo não sucede, contudo, com os dois dias de treinos, sexta e sábado, que deverão ser marcados pela chuva (hoje à tarde já choveu bastante), nomeadamente a discussão da «pole position». O que, a confirmar-se, poderá fazer com que os pilotos cheguem à corrida de domingo com poucas informações quanto ao comportamento destes novos carros em piso seco e quanto à degradação dos pneus.
Interlagos, nos limites da gigantesca metrópole de São Paulo, é uma pista que é agressiva com os pneus. Apesar disso, ninguém apostou na mistura mais dura levada pela Pirelli – todos os pilotos escolheram, e por obrigação, apenas um jogo de médios (branco) –, jogando tudo nos macios (amarelo) e supermacios (vermelho). Sem ser o «exagero» da Cidade do México, também a pista brasileira sofre ligeiramente do efeito de altitude sendo, aos 800 metros, a segunda mais «alta» do Mundial.
No traçado brasileiro há diversos pontos em que s ultrapassagens são possíveis, mas os dois mais óbvios e tradicionais são no final da longa recta da meta (que na verdade nem é bem recta…), na travagem para os «esses» do Senna, e logo a seguir, no final do chamado «Retão». É uma pista que já tem proporcionado belos duelos e emocionantes manobras, além de corridas emotivas com finais por vezes inesperados.
Um dos focos de atenção é o ataque que Valtteri Bottas ainda quer lançar ao 2.º lugar do Mundial, a 15 pontos de distância, actualmente ocupado por Sebastian Vettel. Poderá o finlandês receber uma ajuda do já tetracampeão Lewis Hamilton para esse objectivo? Logo numa prova em que a Mercedes, tendo assumido que vai para ganhar, já estará a testar – tal como, certamente, a Ferrari – componentes para o carro de 2018? Para estes pilotos, ser 2.º é ser o primeiro dos últimos mas, neste caso específico, o vice-campeonato de Vettel teria um certo valor simbólico: desde 2014, seria o primeiro a conseguir classificar-se no Mundial à frente de um piloto da Mercedes!
Mas há mais lutas, nomeadamente entre s equipas. Porque, se a Force India já tem o 4.º lugar garantido e a Williams o 5.º quase assegurado, apenas seis pontos separam actualmente a Toro Rosso, Haas e Renault. Destas três, a equipa francesa é claramente a que se mostra mais rápida e competitiva, mas «teima» em não transformar em resultados em corrida as boas prestações nos treinos… Outra luta que pode voltar a escaldar é a dos pilotos da Force India que voltam a ter carta-branca para se baterem em pista, com Perez apenas 9 pontos à frente de Ocon no Mundial. Mas sabem que, se baterem um no outro, alguém vai ter de desembolsar o arranjo!...
Por fim, Interlagos vai despedir-se… pela segunda vez de Felipe Massa, depois do sentido adeus do ano passado que, afinal, não valeu. Agora é que será de vez, Massa deixará a F1 ao fim de 15 épocas e, até aqui, com 11 vitórias, 16 «poles» e 41 pódios. Mas não será só de Massa que a «torcida» se estará a despedir: em princípio, se não suceder algo de inesperado, no próximo ano não haverá qualquer piloto brasileiro nas grelhas da F1, o que acontece pela primeira vez… desde 1969!
Correndo-se no continente americano, o G.P. do Brasil tem também horários favoráveis aos telespectadores europeus, ao contrário de quase todas as corridas asiáticas e da Austrália… assim, a acção em Interlagos arrancará já amanhã, a partir do meio-dia de Portugal Continental e Madeira (menos uma hora nos Açores), com a primeira sessão de hora e meia de treinos livres. A segunda sessão começará às 16 horas.
No sábado, os 60 minutos de treinos livres realizam-se a partir das 13 horas para, duas horas depois do final dessa sessão, ou seja, às 16 horas, se iniciar a qualificação. Precisamente à hora a que arrancará a penúltima corrida do Mundial e que será composta por 71 voltas aos 4,309 km do traçado de Interlagos ou, mais correctamente, ao Autódromo José Carlos Pace.