É ainda num ambiente de enorme consternação que os pilotos de F1 têm de voltar a sentar-se nos habitáculos dos seus monolugares, abstraírem-se do momento de luto que vivem pela perda recente de um dos seus e focarem-se em absoluto no reencontro com a sua paixão, a sua razão de viver.
Não será propriamente em ambiente de festa que se realizará o G.P. da Hungria e até é pena porque o encontro anual em Budapeste costuma ser um dos fins-de-semana mais descontraídos e animados do ano. Mas a vida é como é e, mesmo sem motivos para grandes alegrias, tem de continuar e o que se segue é a visita ao circuito permanente mais lento do calendário. De tal forma que o Hungaroring é, por vezes, comparado a um… kartódromo gigante.
Veja-se a opinião de Daniil Kvyat: «Sempre gostei de correr no Hungaroring quando estava na Fórmula Renault 2.0, mas penso que para os Fórmula 1 modernos talvez seja uma pista demasiado estreita», diz o piloto da Red Bull. «O que significa que a qualificação é um verdadeiro prazer porque temos mesmo de atacar a fundo, pela importância do lugar na grelha. Estamos constantemente no limite porque, ao longo da volta, quase não há um momento para respirar».
De Silverstone (uma das mais rápidas) para a pista húngara, as diferenças são enormes, mas os Mercedes já mostraram dar-se bem sejam as curvas rápidas ou lentas, sendo eles portanto a marcar o ritmo. Hamilton pode alargar decisivamente a vantagem no Mundial, mas Rosberg também tem uma hipótese de recolocar o colega de equipa sob pressão, numa altura em que ambos estão separados por 17 pontos. Por outro lado, não se esqueça que o G.P. da Hungria foi uma das três corridas que os Mercedes não venceram em 2014…
Resta saber quem conseguirá acompanhar mais de perto os homens da estrela, se quisermos arriscar um prognóstico, talvez os Ferrari se consigam sobrepor aos Williams que costumam exibir alguns problemas de tracção e de desgaste dos pneus traseiros nas curvas mais lentas… que é o que mais há no Hungaroring. Pode ser que vejamos também os Red Bull e os Toro Rosso mais para a frente, já que o motor não tem papel tão importante como nos circuitos de alta velocidade, sendo mais importância a forma como a potência é entregue do que propriamente a quantidade de cavalos.
Pista em que as ultrapassagens são teoricamente difíceis, a verdade é que temos visto os pilotos mais talentosos «inventarem» locais de ultrapassagem «impossíveis». Além do mais óbvio, na travagem para a curva 1, as curvas 2, 3 e 4 também têm assistido a ultrapassagens… forçadas! Tirando a curta recta da meta, a pista húngara não dá um segundo de descanso aos pilotos o que, somado às habituais temperaturas elevadas (previstos 36 ºC para sábado e 33 ºC para domingo!) e ao pouco ar que circula no habitáculo (pelas velocidades baixas), torna este Grande Prémio numa dura prova física.
Pelas mesmas razões é uma prova de alguma exigência a nível de pneus, pelo que a Pirelli optou pelas misturas macia e média. No entanto, o momento escolhido para a(s) troca(s) de pneus tem de ser «milimetricamente» escolhido, pois a perda de uma posição nas «boxes» será difícil de recuperar numa pista em que as ultrapassagens são complicadas.
Os treinos livres para o G.P. da Hungria realizam-se às 9 e às 13 horas de sexta-feira e às 10 horas de sábado (horas de Portugal Continental). A qualificação tem lugar às 13 horas de sábado e a corrida às 13 horas de domingo. Alguns minutos antes do Grande Prémio, os pilotos irão reunir-se para respeitarem um minuto de silêncio em memória de Jules Bianchi. Por outro lado, a FIA decidiu também que o n.º 17, o do piloto francês, não mais será usado na Fórmula 1.