Lewis Hamilton iniciou o ano como tinha terminado 2016, com mais uma «pole position», neste caso a sua 62.ª! Na Austrália, confirmou-se a luta entre Mercedes e Ferrari, embora o britânico tenha estragado um pouco a «guerra», exibindo-se a um nível superior a que nem o melhor Vettel chegou, ficando a 268 milésimos… Mas teremos uma primeira linha Mercedes-Ferrari para a corrida de amanhã que é tudo aquilo com que os amantes da F1 sonhavam para a corrida de abertura do Mundial de 2017!
Hamilton tem uma especial queda por esta pista, tendo conseguido aqui a sua 6.ª «pole» – igualando o ídolo Senna que também fez seis «poles» na Austrália! – e quarta consecutiva. «Que viagem incrível estes onze anos, parece que foi ontem que vim aqui pela primeira vez!», comentou, antes de falar sobre o treino e corrida: «Até agora foi um fim-de-semana fantástico, mas sinto um enorme orgulho nesta equipa pelo desafio enorme que foi fazerem este carro que também permitiu ao Valtteri [Bottas] um excelente trabalho na sua primeira qualificação com a equipa. Mas, como se vê, os Ferrari estão perto e vai ser muito apertado entre nós. Amanhã é o dia de concretizar todo o trabalho que fizemos durante o Inverno!».
De qualquer forma, no final da qualificação ficou um ligeiro sabor… a pouco. Afinal, a «pole» do ano passado foi batida «apenas» por 1,6 s – para mais usaram-se pneus ultramacios, quando em 2016 só havia supermacios… –, mesmo se há dados que mostram que estes carros são inacreditavelmente mais rápidos em certos pontos: por exemplo, a velocidade de passagem na curva 14 subiu de 186 para 216 km/h! Não foi aquela mão cheia de segundos que se esperava e que vimos nos testes de Barcelona, mas estes carros estão ainda muito «verdes» e hão-de evoluir muito ao longo desta época…
Na primeira parte do treino foram eliminados os pilotos que mais problemas tiveram ao longo dos treinos livres e que mais tempo de pista perderam, além do estreante Giovinazzi que esteve quase a causar uma surpresa, pois esteve à frente do seu colega de equipa, Marcus Ericsson, até aos derradeiros segundos! Magnussen (Haas) e Palmer (Renault) pagaram o preço de andarem menos, ficando longe dos colegas de equipas, enquanto Vandoorne (McLaren) se debateu com uma perda de pressão de gasolina e Stroll (Williams) teve uma sessão «stressante», saindo para a pista apenas a poucos minutos do final da sessão. Se já era difícil para um estreante, com esta pressão toda ainda pior …
Na segunda fase do treino desenhou-se o duelo Mercedes-Ferrari, com Bottas melhor que Hamilton e Vettel a esconder ligeiramente o jogo mas muito perto… Os quatro primeiros estavam separados por menos de dois décimos! Os dois Red Bull passaram sem dificuldade ao Q3, embora sem poderem atacar os homens da frente. Dura foi a luta pelos últimos quatro lugares no Q3, decidida nos derradeiros segundos com os dois Force India, Hulkenberg, Alonso e Ericsson eliminados pelos últimos ataques de Massa, Grosjean e os dois Toro Rosso a mostrarem-se muito competitivos.
Assim que o semáforo verde apareceu para o Q3, os homens da frente foram todos para a pista porque havia já zonas onde a chuva começava a cair. Mas, afinal, seria apenas um falso alarme e a chuva esperaria que o treino terminasse… Bottas marcou um tempo, batido por Vettel por dois milésimos, mas ambos claramente batidos por Hamilton por três décimos. Primeiro «round» e o tricampeão do Mundo mostrava-se por cima. A sessão seria interrompida pela… desilusão do dia para os milhares de espectadores, quando o herói da casa, Daniel Ricciardo, deixou o Red Bull «plantado» contra as barreiras da curva 14, sem qualquer tempo marcado… «Fisicamente estou bem, emocionalmente estou muito desapontado…».
O segundo «round» foi quase igual ao primeiro, com Hamilton a melhorar para 1.22,188 (fica como «record» absoluto de Albert Park) e Vettel a bater Bottas por 25 milésimos. E a conseguir um lugar na primeira linha da grelha, o que ele e a Ferrari não sabiam o que era desde… Singapura-2015! «Temos um bom carro mas não fiquei muito contente com o início da volta, embora não chegasse para bater o tempo fantástico do Lewis. Mas amanhã poderemos fazer algo, com pequenas alterações no carro. A equipa está a ficar cada vez mais forte e estamos motivados!».
Logo atrás largarão Bottas e Raikkonen, o que promete um arranque bem interessante amanhã! Bottas teve uma boa estreia com a Mercedes, mesmo se não se mostrava totalmente satisfeito: «Terceiro não é o ideal, não estou muito contente com resultado. A única coisa que me alegra é o fantástico trabalho da equipa! Foi pena não ter conseguido nenhuma volta perfeita mas amanhã é que conta e espero ter uma boa corrida».
Com a «ausência» de Ricciardo – falta ver se o embate de traseira não obrigará à troca de caixa de velocidades do Red Bull, com penalização de cinco lugares na grelha… –, Verstappen foi um tranquilo 5.º, sem conseguir chegar ao quarteto da frente. «Nos testes já tínhamos visto que isto ia acontecer. Temos alguns problemas de afinações e não estamos ao nível dos Mercedes e Ferrari, sou realista, não temos ritmo para eles. Espero uma corrida solitária», disse o holandês.
Espantoso foi o esforço de Romain Grosjean que estava num dos seus dias, colocando o Haas num magnífico 6.º lugar da grelha, batendo claramente Felipe Massa. O «reformado mais curto da história» conseguiu, por muito pouco, colocar o Williams à frente dos dois Toro Rosso, numa luta em que Sainz bateu Kvyat por 25 milésimos! Tempos da qualificação:
Pos | Piloto | Equipa | Q1 | Q2 | Q3 |
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1 | Lewis Hamilton | Mercedes | 1:24.191s | 1:23.251s | 1:22.188s |
2 | Sebastian Vettel | Ferrari | 1:25.210s | 1:23.401s | 1:22.456s |
3 | Valtteri Bottas | Mercedes | 1:24.514s | 1:23.215s | 1:22.481s |
4 | Kimi Räikkönen | Ferrari | 1:24.352s | 1:23.376s | 1:23.033s |
5 | Max Verstappen | Red Bull | 1:24.482s | 1:24.092s | 1:23.485s |
6 | Romain Grosjean | Haas | 1:25.419s | 1:24.718s | 1:24.074s |
7 | Felipe Massa | Williams | 1:25.099s | 1:24.597s | 1:24.443s |
8 | Carlos Sainz | Toro Rosso | 1:25.542s | 1:24.997s | 1:24.487s |
9 | Daniil Kvyat | Toro Rosso | 1:25.970s | 1:24.864s | 1:24.512s |
10 | Daniel Ricciardo | Red Bull | 1:25.383s | 1:23.989s | s/tempo |
11 | Sergio Pérez | Force India | 1:25.064s | 1:25.081s | |
12 | Nico Hülkenberg | Renault | 1:24.975s | 1:25.091s | |
13 | Fernando Alonso | McLaren | 1:25.872s | 1:25.425s | |
14 | Esteban Ocon | Force India | 1:26.009s | 1:25.568s | |
15 | Marcus Ericsson | Sauber | 1:26.236s | 1:26.465s | |
16 | Antonio Giovinazzi | Sauber | 1:26.419s | ||
17 | Kevin Magnussen | Haas | 1:26.847s | ||
18 | Stoffel Vandoorne | McLaren | 1:26.858s | ||
19 | Lance Stroll | Williams | 1:27.143s | ||
20 | Jolyon Palmer | Renault | 1:28.244s |
O Grande Prémio da Austrália arranca amanhã às 6 horas de Portugal Continental e Madeira. Serão 58 voltas ao traçado de Albert Park e o primeiro real teste ao físico dos pilotos, para ver até que ponto a maior velocidade destes carros em curva lhes colocará problemas. Há também a curiosidade de ver se os novos pneus permitem que os pilotos ataquem durante mais voltas que acontecia no passado. Por fim, os procedimentos de partida mudaram, estando agora totalmente nas mãos e pés dos pilotos, o que tornará tudo ainda mais difícil e propenso a erros. A não perder!