O enorme touro em aço que marca a compra do antigo circuito de Zeltweg (mais tarde A1-Ring) pela Red Bull vai passar o próximo fim-de-semana algo cabisbaixo. É que dificilmente as duas equipas «da casa», Red Bull e Toro Rosso, lhe conseguirão dar uma alegria, num traçado em que os motores voltam a desempenhar papel importante, pelas exigências de fortes acelerações.
No fundo, embora o cenário mude radicalmente – de uma pista quase dentro de uma cidade para outra rodeada pelas altas e verdejantes montanhas da Styria – as características da pista austríaca não divergem muito das de Montreal. «Em termos de afinações e configuração aerodinâmica, é quase a continuação da prova do Canadá», explica Giampaolo Dall’Ara, responsável técnico da Sauber. «A relação entre número de curvas e extensão das rectas é semelhante à de Montreal, embora sejam duas pistas de natureza distinta, tendo a austríaca curvas de média velocidade no lugar das chicanes e diversas elevações. Mas também aqui o funcionamento dos travões será um factor crucial».
Assim sendo, poderemos esperar um panorama semelhante àquele a que assistimos no Canadá, com os Mercedes bem na frente e os Williams a porem em causa o lugar da Ferrari como principais rivais dos campeões do Mundo. Aliás, seria a repetição do que sucedeu no ano passado: foi na Áustria que os Williams monopolizaram a primeira linha da grelha, impedindo a Mercedes de fazer o pleno nas qualificações de 2014! É certo que, depois, foi Rosberg a vencer, mas os Williams mostraram que a pista austríaca «gosta» dos seus carros e maiores esperanças acalentam por terem prevista a estreia de grandes evoluções aerodinâmicas.
Da última corrida, no Canadá, vem a demonstração evidente de que, de momento, Lewis Hamilton parece ter algum ascendente sobre o colega de equipa, procurando alargar a vantagem no comando do Mundial. Mas Nico Rosberg já mostrou que não é de desistir e prometeu melhorar a sua actuação na qualificação para tentar roubar a «pole» a Hamilton – de momento o britânico vence por claros 6-1 as qualificações! – de forma a conseguir partir na frente para a corrida.
Além dos Williams, espera-se que Sebastian Vettel não tenha, desta feita, problemas no seu Ferrari para ver até que ponto o SF15-T evoluído poderá mesmo dar luta aos Mercedes, algo que Kimi Raikkonen não conseguiu mostrar no Canadá. Num circuito em que o motor tem grande importância, em especial na longa recta a seguir à da meta e onde se assistirá à maioria das ultrapassagens, é natural que os Lotus voltem a mostrar-se competitivos.
A cinco dias de distância, as previsões meteorológicas apontavam para aguaceiros nos dois dias de treinos e na manhã da corrida. O que (ainda) não quer dizer nada, já que o vale onde está incrustado o Red Bull Ring sofre sempre de alguma instabilidade meteorológica. De qualquer forma, o asfalto da pista austríaca é suficientemente «bondoso» para a Pirelli voltar a disponibilizar os pneus macios e supermacios. A estratégia de uma ou duas paragens dependerá, em grande parte, da temperatura que se fizer sentir durante a corrida.
Os treinos livres para o G.P. da Áustria realizam-se na 6.ª feira, às 9 e às 13 horas de Portugal Continental, e no sábado às 10 horas. A qualificação tem lugar às 13 horas de sábado e a corrida (71 voltas) às 13 horas de domingo. No final da corrida, as equipas de F1 não abandonarão o circuito austríaco, já que farão a segunda e última sessão de testes durante a temporada, nos dias 23 e 24.