G.P. da China – Hamilton repete proeza de Senna num tremendo duelo!

Chegados a um circuito «normal» e, após uma qualificação excitante, apetece perguntar: à segunda prova com os novos regulamentos ainda há dúvidas de que a F1 está a ir no caminho certo?! Uma luta fabulosa pela «pole» a quatro, com destaque para dois de equipas diferentes, uma evolução do tempo em… 3,8 segundos e tudo em aberto para a corrida de amanhã, sem qualquer previsão segura! Que mais podemos querer?!

É verdade que, pela secura dos números, parece o aborrecimento de sempre… Lewis Hamilton conseguiu a sua sexta «pole» consecutiva, um feito até hoje só conseguido pelo seu ídolo, Ayrton Senna, estando a apenas duas de o igualar (63 contra 65)! E foi também a sexta «pole» seguida da Mercedes na China, a 75.ª da marca na F1. Mas os números não mostram nada do que foi o dia de hoje, depois de ontem ninguém ter rodado… «Foi um enorme desafio para todos nós porque tivemos de compilar todo o trabalho de ontem no treino da manhã», contou Hamilton. «Os Ferrari mostraram-se tão rápidos e sabíamos que ia ser muito difícil e que tínhamos de fazer uma volta perfeita»

Pode também parecer que a corrida estará muito perto de estar decidida se ligarmos às estatísticas que nos dizem que, nos 13 G.P. da China, oito foram ganhos da «pole»… Mas longe disso! «Vai ser um dia invulgar, potencialmente vai estar molhado e eu ainda não guiei com estes pneus de chuva… Vai ser divertido, vai ser uma nova lição para mim…», comentou Hamilton, talvez já arrependido de não se ter envolvido tanto nos testes dos pneus Pirelli como Vettel! «E a Ferrari tem um carro muito forte em condições de corrida na forma como trata os pneus. Vai ser mais uma corrida equilibrada e um dos dias mais excitantes de há muito tempo!».

Mas contemos a história de uma agitada qualificação em que a primeira parte terminou com um aparatoso acidente de Antonio Giovinazzi na entrada da recta da meta. Que deixou o Sauber destruído mas, ironicamente, impediu vários pilotos de tentarem melhorar a sua marca, garantindo ao italiano o 15.º tempo e… uma passagem ao Q2 que já não lhe valeu de muito. As grandes notícias foram os falhanços de Max Verstappen e Esteban Ocon que largarão da última fila da grelha! O piloto da Red Bull foi afectado por um problema de «software» do motor TAG Heuer (ou Renault…), enquanto o da Force India foi um dos «lesados de Giovinazzi»… O mesmo sucedeu com Palmer (Renault) e Grosjean (Haas) que até poderão ser penalizados por desrespeito das bandeiras amarelas no acidente de Giovinazzi!

Vandoorne não conseguiu fazer um bom tempo com o McLaren e falhou o Q2, em contraste com Alonso que dizia ter «guiado como um animal» para fazer o 12.º tempo. Sinal interessante do Q1 (para a corrida, caso não chova) foi o facto de os Ferrari terem feito bons tempos (Vettel foi o mais rápido) com os pneus macios, enquanto os Mercedes tiveram de calçar os supermacios… E Lance Stroll deu nas vistas com o 5.º tempo!

O início do Q2 mostrou aquilo que todos queríamos ver, com os Ferrari e Mercedes todos «encaixados» em dois décimos! Mas, mesmo no final, só para assustar os rapazes «prateados», Raikkonen ainda baixou mais o tempo, pondo os dois Ferrari na frente, com o melhor tempo jamais feito nesta pista, 1.32,181. Destaque para a estreia de Stroll a passar ao Q3 apenas no seu segundo Grande Prémio – aos habituais «haters» convém lembrar que estas coisas não se compram com os milhões de dólares do pai… –, batendo Sainz(Toro Rosso) por 0,06 s!

O Red Bull apareceu, por fim, com Ricciardo a ser o mais rápido «dos outros» e uma grande marca do Renault de Hulkenberg. Talvez com excepção de Sainz, batido por Kvyat – mais um alvo preferido dos «haters»… –, não houve grandes surpresas na eliminação no Q2 de Magnussen (Haas), Alonso (McLaren) e Ericsson(Sauber), enquanto Giovinazzi tinha ido ao centro médico só verificar que estava tudo bem.

Chegava-se, por fim, ao momento da verdade! Sem receio, Hamilton deu sempre «o peito às balas» sendo o primeiro a ir para a pista e conseguindo derrubar a barreira do segundo 32, mesmo com um erro em que recuperou magistralmente um Mercedes que pareceu descontrolado. Apesar disso colocou-se na frente, com Vettel e Bottas muito próximos, sendo a única surpresa o facto de Raikkonen não conseguir repetir o tempo feito no Q2, pondo até em causa se lhe tinham mexido nas afinações…

Na derradeira tentativa, Hamilton excedeu-se e bateu a «pole» do ano passado por 3,8 s! «Consegui ir sempre melhorando e a última volta foi, de facto, quase perfeita, apesar de não ter começado da melhor maneira. Chegar ao gancho é sempre um momento ‘stressante’ porque queremos travar o mais tarde possível mas não podemos deitar tudo a perder. E, depois, tive de esperar pelo que eles faziam porque vinham atrás».

O primeiro a passar foi Bottas que ficou a 0,187 s do colega de equipa, mas faltava Vettel que lhe roubou a primeira linha por… um milésimo de segundo! «Isso é menos de um piscar de olhos…», lamentava o finlandês, enquanto a sua equipa fazia as contas à velocidade média da sua volta e lhe dizia em concreto: foi batido por… 5,9 cm!

«Amanhã veremos quão importante é estar na 1.ª linha, mas foi uma boa sessão», comentava o alemão da Ferrari, depois de repetir a grelha da corrida da Austrália «Talvez sido demasiado receoso na travagem para a última curva e tenha perdido algum tempo. Mas o nosso carro é forte em todas as situações e acho que ainda o podemos melhorar. Vamos ver o que a corrida nos reserva, parece que as condições vão ser diferentes…», dizia o alemão.

Basta olhar para os tempos e ver que ninguém se consegue chegar aos Mercedes e Ferrari. Por isso, ser o «melhor dos outros» é o melhor consolo para Daniel Ricciardo que conseguiu, enfim, um bom equilíbrio no Red Bull, tendo a concorrência de Massa (Williams), Hulkenberg (Renault) e Perez (Force India) para uma corrida animada que contará… com muitas ultrapassagens de Verstappen! Tempos da qualificação:

O Grande Prémio da China arrancará amanhã quando forem 7 horas em Portugal Continental e Madeira, disputando-se num total de 56 voltas aos 5,451 km do traçado do Shanghai International Circuit. As mais recentes previsões apontam para chuva forte da parte da manhã mas chuva fraca de tarde, abrindo perspectivas menos «negras» para a hora do arranque do Grande Prémio.