Lewis Hamilton tem uma relação muito especial com a sua corrida caseira e com a pista de Silverstone, parecendo superar-se de cada vez que ali chega! Hoje, na qualificação para o G.P. da Grã-Bretanha, não foi só o ter conseguido a sua 67.ª «pole position» – que o deixa a uma do recorde de Michael Schumacher – ou a 5.ª na prova do seu país com que iguala o máximo de Jim Clark… Foi a volta soberba com que obteve um tempo incrível e conseguiu a maior diferença do ano para o segundo classificado!
Na apresentação desta prova tínhamos antecipado que, sendo 1.29,243 o melhor tempo de sempre, este ano se iria certamente entrar no segundo 27 e até talvez atingir o «26 alto». Pois Hamilton conseguiu 1.26,600, algo que não estava nos prognósticos mais optimistas, retirando 2,643 s ao melhor tempo de 2016. E deixou a mais de meio segundo o seu companheiro de primeira linha da grelha, inesperadamente Kimi Raikkonen que, nos treinos livres, andara sempre afastado dos lugares da frente e que respondeu às críticas recentes do presidente da Ferrari batendo até Sebastian Vettel…
O Q1 começou com a pista muito molhada, apesar de algumas tentativas optimistas (Mercedes, Force India, Sauber) de ainda experimentarem pneus «slick», logo trocados pelos intermédios. Ricciardo fez um bom tempo mas ficou parado pouco depois com um problema no turbo. Pela primeira vez desde Monza-2015 (38 corridas!) o australiano não foi ao Q3 e, mesmo passando ao Q2 com a sua marca, somando os cinco lugares de penalização pela troca da caixa, largará de penúltimo, só à frente de Alonso que tem mais… 30 lugares de penalização! «Uma desilusão porque nestas condições poderíamos ter feito algo interessante…», lamentava-se o australiano.
O espanhol ainda deu «show» ao mudar, no último minuto, para pneus «slick» (só Ocon fez o mesmo) e, passando na meta décimos antes do final da sessão, fez uma volta perfeita numa pista já a secar e arrancou um mega aplauso da multidão da Silverstone ao fazer o melhor tempo da sessão! A má notícia foi para Lance Stroll que se viu relegado para fora do Q2, juntamente com Magnussen (Haas), os dois Sauber e Ricciardo que ficou com o último tempo, devido à evolução da pista, depois de a chuva ter parado.
Tal como fizera na Áustria com Hamilton, a Mercedes começou a preparar a corrida de Bottas (e a recuperação dos cinco lugares de penalização) logo no Q2, ao montar-lhe pneus macios, aqueles com largará amanhã. E o finlandês fez um magnífico tempo, sendo até 0,2 s mais rápido que Vettel com supermacios no Ferrari! Os Mercedes mostravam-se noutra galáxia, com Hamilton a entrar nos «27», com 1.27,893! Grandes destaques do Q2 para o fantástico 5.º tempo de Hulkenbeg e para a passagem de Vandoorne no McLaren ao Q3, a bater pela pimeira vez Fernando Alonso!
No Q3, logo se viu que Hamilton estava mais rápido que todos os outos, com uma primeira volta em 1.27,0. Bottas tentava segui-lo mas não conseguia e até deixava que Vettel se intrometesse. Nas segundas tentativas, o finlandês exagerou logo na primeira travagem e perdeu tempo que não mais recuperaria. «Não me senti tão bem com o carro, faltava aderência… O Lewis fez muito melhor trabalho, aquela blocagem fez-me perder um décimo mas não explica a diferença ente nós…», referiu Bottas que ficaria com o 4.º tempo, o que o obrigará a largar de 9.º, mas com pneus macios.
Na frente, Hamilton sobrevoava o antigo aeródromo de Silverstone para «cravar» um monumental 1.26,600, com passagens em curvas como Copse ou Becketts em que foram registadas forças instantâneas superiores a 5G! «Temos de guardar o melhor para o fim e sinto-me sempre tão motivado em frente aos meus fãs!», disse o piloto da Mercedes. «Estas condições tão britânicas em que se realizou a qualificação deixam-me à vontade, foi assim que crescemos a correr. E o carro através daquelas secções rápidas é fabuloso de guiar! Para a corrida o carro está forte nas séries que fizemos de muitas voltas, mas terei de me cuidar com estes rapazes».
«Estes rapazes» eram os ferraristas que largarão atrás de si, com Raikkonen a surpreende Vettel. «De manhã estava complicado mas as condições mudam muito, mas ainda não estou em posição de lutar pelo primeiro lugar», referiu Raikkonen que não abriu o jogo quanto ao que irá fazer amanhã, se a sua corrida ou se ajudar Vettel: «Vamos tentar dar luta ao Hamilton e fazer uma boa corrida para a equipa».
«Guiar estes carros aqui é verdadeiramente incrível!», comentava Vettel que, no entanto, não estava totalmente contente, como mostrara na reacção pelo rádio em que discutiu com a equipa falhas na preparação da sua última volta lançada em que ficou a dois décimos de Raikkonen… «Foi uma pena no Q3, acho que o carro tinha mais para dar». Ainda assim bateu Bottas por… 0,02 s!
Com Hamilton num planeta à parte, os Ferrari muito à frente e Bottas «artificialmente» para trás, Max Vestappen ficou na «terra de ninguém». «Ao longo do fim-de-semana nunca conseguimos ter o carro como queríamos, a aderência que desejávamos, tem sido difícil. Vai ser quase impossível batê-los por mérito, esperemos que suceda alguma coisa e que tenhamos, enfim, alguma sorte». Preocupante para a Red Bull é este aumenta da distância para as equipas da frente numa prova onde foram introduzidas algumas evoluções…
Luta bem interessante vai ocorrer ente o Renault de Nico Hulkenberg e os dois Force India, com um surpreendente Stoffel Vandoorne a assistir de perto, mostrando grandes evoluções por parte do McLaren/Honda. No entanto, Silverstone é uma pista impiedosa, por ser longa e pelas exigências que coloca a chassis e motores, expondo as diferenças de uma forma que poucas outas fazem… Não tem sido, de facto, normal o fecho do Q3, do «top tem» portanto, esta quase três segundos mais lento que o homem da «pole»! Tempos da qualificação:
Ao contrário do cinzentismo que se viveu na qualificação, as previsões apontam para uma corrida disputada com pista seca e algum sol. Arrancará amanhã às 13 horas e serão 52 voltas ao traçado de Silverstone, com um perímetro de 5,891 km.