Os dois Ferrari dominaram o segundo treino livre para o G.P. da Malásia e Sebastian Vettel parece mesmo numa liga à parte! E se os Red Bull ainda parecem em condições de dar alguma luta, os Mercedes apareceram estranhamente lentos, de novo a lutarem com falta de aderência quando montam os pneus supermacios… Já houve muitas conclusões a tirar de uma sessão encurtada, no final, em mais de um quarto de hora, mas desta vez sem ser por causa da chuva que se manteve longe.
Independentemente dos resultados, o treino ficou marcado pelo acidente de Romain Grosjean, apanhado numa armadilha que não pode acontecer numa pista de Fórmula 1! Os Mercedes de Bottas e Ferrari de Raikkonen tinham passado pelo corrector da curva… 13 e deslocaram uma grelha de escoamento de água que ficou elevada. A seguir apareceu Grosjean cujo pneu traseiro-direito explodiu ao bater na grelha, atirando o Haas para fora de pista. «Só sei o que aconteceu porque já vi as imagens…», dizia o francês. «Vinha na linha e, de repente, senti um forte impacto na traseira e quando me dei conta ia em direcção ao muro. É uma pena, mas eu estou bem e vamos reparar o carro é o que importa».
E foi uma pena este final prematuro porque estava a ser um prazer ver os monolugares de 2017 a evoluir em Sepang. Porque se houvesse dúvidas acerca da muito maior rapidez dos carros deste ano ficaram desfeitas logo nos primeiros minutos de treino: primeiro foi Verstappen a fazer 1.32,739 com os pneus macios, os mesmos com que Hamilton garantira a «pole» há um ano, com 1.32,850; mas logo a seguir Vettel fez 1.32,456 e «deu cabo» da melhor marca alguma vez feita em Sepang que era de alonso, em 2005, com 1.32,582. E ainda há tanto para afinar nos carros e… os pneus supermacios para montar! A F1 vai despedir-se da Malásia com uma rapidez a que Sepang nunca assistiu!
Os Ferrari estavam irresistíveis e Vettel com ganas de recuperar os pontos perdidos em Singapura. Nas simulações de qualificação ninguém se aproximou sequer do alemão que baixou o tempo até 1.31,261 que abre portas a uma «pole» – se for decidida com a pista seca – em 1.30 baixos ou, quem sabe, até uma «invasão» do segundo 29… Destes carros deste ano já se espera o impossível! Os Red Bull apenas conseguem fazer jogo equilibrado com Kimi Raikkonen, mostrando um bom equilíbrio do chassis e confirmando um desgaste relativamente baixo nas séries mais longas de voltas, mesmo dos pneus supermacios. Ricciardo bateu Verstappen por 0,01 s!
Perante estes tempos, como interpretar a 5.ª posição de Fernando Alonso, numa pista com duas longas rectas em que a potência é fundamental e em que os motores andam 62% do tempo a fundo? O espanhol ficou a 1,3 s do tempo-canhão de Vettel e logo numa pista onde o MGU-H (que tem sido sempre o «calcanhar de Aquiles» da Honda) tem grande importância. Será que foi depois de anunciarem o divórcio da McLaren que a os homens da Honda acertaram com o motor?! A Toro Rosso espera que sim!
E o que se passou, então, com a Mercedes? Os carros pareceram sempre lentos e algo instáveis, levando mesmo os seus dois pilotos a sair da pista na fase em que ainda se faziam simulações de voltas de qualificação. Trabalho extra para a equipa, com inspecções extraordinárias aos dois carros, após lentos «passeios» sobre a gravilha. Entretanto tinha passado o tempo de andar a estudar qualificações e chegara a altura de trabalhar para a corrida. E o ritmo dos Mercedes era muito mais lento que o dos Ferrari – Hamilton chegou a ser ultrapassado em pista por Vettel! –, sempre com os pilotos a queixarem-se de pouca aderência. Esta não está a ser daquelas provas em que um anda muito bem e o outro se mostra em dificuldades, aqui estão os dois em baixo…
A Mercedes, é sabido, não é equipa de andar a esconder jogo às sextas-feiras, se puder encabeçar a lista dos tempos não o desdenha. Logo, das duas, uma: ou há de facto problemas sérios, nomeadamente na utilização dos pneus supermacios com a pista quente (o que é recorrente) e que os engenheiros e o simulador em Brackley tentarão resolver durante a noite; ou a equipa está apostada numa corrida à chuva (forte hipótese) e está já a andar com os carros com afinações para isso, o que os torna mais lentos no seco. Mas que algo se passa, disso não há qualquer dúvida.
Atrás, está a desenhar-se uma interessante luta entre a Force India e a Renault, enquanto a Toro Rowsso parece totalmente perdida, com Carlos Sainz a queixar-se de que o carro estava inguiável. E aqueles minutos finais terão feito falta para experimentar novos acertos… Tempos da segunda sessão de treinos livres:
Amanhã o dia começa mais tarde do que é habitual, em termos locais, o que é bom para os espectadores portugueses que ficam com horários mais… simpáticos. Assim, os 60 minutos da terceira sessão de treinos livres realizam-se entre as 7 e as 8 horas de Portugal Continental e Madeira, começando a qualificação às 10 horas.