Sebastian Vettel e a Ferrari atiraram um gigantesco balde de água fria para cima da Mercedes, Hamilton e Bottas, ao marcarem um fantástico tempo no terceiro treino livre para o G.P. da Rússia, anulando os progressos entretanto feitos pelos campeões do Mundo… A Scuderia foi a mais rápida nas três sessões de treino já realizadas, terminou esta com os dois melhores tempos. Mas, com os quatro primeiros separados por meio segundo e atendendo à intensidade deste terceiro treino livre, a qualificação vai… escaldar!
A Mercedes referiu que, depois de revistos todos os dados dos treinos de sexta-feira, tinham compreendido onde estavam a errar e como podiam melhorar o seu carro. E um sinal curioso foi um «hi-five» entre Toto Wolff e Niki Lauda, depois de um tempo de Bottas que ficara a seis décimos de Vettel… Mas sabiam provavelmente qual era a carga de combustível e tinham um ar aliviado, sabendo que o carro tinha melhorado. O que se verificou no resto da sessão, com a passagem de ambos os Mercedes para a frente.
Mas, afinal, quem tinha estado a esconder jogo parecia ter sido a Ferrari que, ao voltarem para a pista, «cravaram» dois tempos que voltaram a deixar a Mercedes cheia de dúvidas… Se há «mind games» que funcionam são estes que equivalem quase a muros no estômago, ao ver Vettel ficar mesmo à porta do segundo 33 (1.34,001) e voltar a ganhar seis décimos de vantagem. Que depois foram reduzidos, mas não anulados.
Já se sabe que os Mercedes na qualificação vão sempre buscar alguns décimos ao modo mais agressivo do motor, mas será suficiente? Outro detalhe que tem sido um padrão ao longo do fim-de-semana: numa pista onde sempre teve boas actuações, Valtteri Bottas tem-se mostrado sempre mais rápido que Lewis Hamilton e isso voltou a suceder neste treino. Niki Lauda já avisou que a política dentro da Mercedes mudou, devido à ameaça séria que a Ferrari representa: se o piloto que for à frente estiver claramente mais lento, deverá deixar passar o outro para facilitar a luta com a Scuderia! Como sucedeu no Bahrain.
No segundo pelotão notou-se um aproximar do Williams de Massa ao Red Bull de Max Verstappen e o reaparecimento do Renault de Nico Hulkenberg, aparentemente resolvidos os problemas de estabilidade e equilíbrio de que o alemão se queixava. Do lado dos problemas, Daniel Ricciardo chegou a parar em pista quando o motor Renault se desligou, tal como sucedera a Sirotkin no primeiro treino e a Verstappen no segundo, mas lá conseguiu reiniciá-lo e prosseguir até às «boxes». Também Jolyon Palmer passou uma sessão cheio de problemas a nível do motor, não chegando a fazer uma volta lançada…
Os mecânicos da Renault já tinham feito horas extraordinárias no seu carro a noite passada, trocando a célula de sobrevivência do RS17 e quebrando o chamado «recolher obrigatório» – a hora máxima a que a FIA autoriza que se trabalhe no circuito, para garantir o repouso dos mecânicos –, o que as equipas podem fazer duas vezes por ano. Mas também a Ferrari o fez, para trocar um sensor de um motor avariado num dos carros… Tempos da terceira sessão:
Perante este panorama, só se pode esperar uma qualificação «escaldante»! Recorde-se que desde o G.P. de França de 2008 que a Ferrari não monopoliza a primeira linha da grelha de partida (na altura com Raikkonen na «pole»), mas é preciso contar com o contra-ataque da Mercedes e o seu motor «vitaminado» para a luta pela «pole»! Que arrancará às 13 horas de Portugal Continental e Madeira.