A Fórmula 1 está mais rápida que nunca e na fase mais emocionante desta década! Afirmação forte mas que ainda hoje a qualificação para o G.P. de Espanha se encarregou de confirmar, mesmo que Lewis Hamilton tenha aumentado a sua maquia de «pole positions» para 64, estando a apenas uma do seu ídolo Ayrton Senna e a quatro do recorde de Michael Schumacher!
A luta com Sebastian Vettel (Ferrari) está ao rubro e a liderança da grelha para a corrida de manhã foi decidida por… meio décimo de segundo e mesmo ao baixar da bandeira de xadrez! O duelo Mercedes-Ferrari está totalmente em aberto e há muitos anos que não se assistia a uma batalha tão cerrada e sem prognóstico possível entre duas equipas e, em particular, entre dois pilotos. Amanhã, Hamilton largará da frente com Vettel a ser lado mas… saindo da parte mais suja da pista, enquanto Bottas larga de 3.º mas da zona com mais aderência, num arranque que pode ser decisivo, pelas dificuldades de ultrapassar nesta pista.
Por outro lado, havia o tal «exame» aos carros deste ano, para ver se cumpriam a promessa feita há dois anos, quando da primeira apresentação dos novos regulamentos, de que os monolugares de 2017 seriam 5 s mais rápidos numa volta a Barcelona. Desafio mais que superado, nunca um carro fez uma volta tão rápida ao traçado catalão e Hamilton bateu o tempo da «pole» de 2015 por 5,532 s!
A primeira parte do treino até começou com um valente susto para Vettel – cujo Ferrari recebeu o terceiro motor da época, embora os outros dois ainda sejam utilizáveis – quando, na sua volta de saída, ouviu o seu engenheiro dizer-lhe para parar o carro de imediato… Seria o fim da sua qualificação, mas o alemão respondeu calmamente «de certeza?» e isso permitiu que os técnicos da Ferrari revissem os dados, dissessem ao seu piloto para acabar a volta em ritmo lento e perceberem que, afinal, não tinha sido nada de demasiado grave. Ao ponto de ter continuado para uma volta lançada que lhe garantiu a passagem ao Q2, apesar de sentir ligeira quebra de potência…
Do lado dos eliminados, houve várias surpresas a necessitarem de algumas explicações… Os bons ritmos demonstrados nos treinos livres pelos Williams e Renault parecem ter desaparecido e Lance Stroll e Jolyon Palmer foram vítimas disso, ficando de fora, mas também Daniil Kvyat, tão longe do seu colega da Toro Rosso, Carlos Sainz… As eliminações de Marcus Ericsson (Sauber) e Stoffel Vandoorne (McLaren) não surpreenderam. Mas, no fundo, o grande problema foi o extremo equilíbrio de todo o pelotão: no Q1, houve cerca de um segundo de diferença entre o 20.º e… o 6.º!
A emoção que se esperava na discussão pela «pole» ficou logo espelhada no Q2 quando Hamilton foi apenas 0,085 s mais rápido que Vettel e 0,090 s que Bottas… «Game on»! Fernando Alonso mostrava que as bancadas davam, como costumava dizer Mansell, pelo menos um segundo por volta e entrava no Q3, juntamente com os dois Force India (com Ocon em destaque) e o Williams de Massa. Desilusão para o Renault de Hulkenberg que tão bem tinha estado no primeiro dia de treinos…
Chegava-se, enfim, à hora de todas as decisões e Hamilton fazia a volta perfeita, com o habitual «boost» do motor Mercedes a chegar a 1.19,149, «esmagando» o recorde absoluto do circuito de Barcelona e batendo por 5,5 s a «pole» de 2015 e por quase 3 s a de 2016. Chega para elucidar quão mais rápidos são os carros deste ano?! Bottas cometeu um erro na saída da chicane e foi o suficiente para ficar a 0,22 s do colega de equipa, enquanto os Ferrari pareciam longe…
Mas faltava a segunda tentativa, em que o vento terá apanhado todos de surpresa no último sector. Nenhum dos Mercedes conseguiu melhorar as suas marcas, pois a pequena evolução nos dois primeiros sectores não compensou o que perderam no final. Já Vettel fizera gigantescos progressos na fase inicial da volta e, apesar de ter blocado rodas na chegada à chicane, melhorou a sua marca, intrometendo-se entre os Mercedes e ficando a apenas 0,05 s de Hamilton! «Venho aqui tantas vezes, faço aqui milhares de quilómetros e logo hoje tinha de blocar rodas naquela chicane…», lamentava-se o alemão, ao ver que ficara a meio décimo da «pole»!
O G.P. de Espanha estreou mais uma novidade no esforço de levar os pilotos até aos fãs, com uma entrevista aos primeiros em plena pista, em frente à bancada principal, onde Hamilton agradeceu o muito apoio que tem na pista catalã: «A primeira volta do Q3 foi excelente, a segunda foi mais ou menos… Mas é sempre um ‘boost’ moral fazer a ‘pole’ e voltar a estar na frente e sentir todo este apoio é muito bom!». Já Vettel dedicava o 2.º tempo aos seus mecânicos: «Foi uma manhã muito agitada e eles fizeram um trabalho soberbo! Mudar um motor em menos de duas horas, quando se vê a quantidade de peças de que são feitos estes F1!...».
O alemão só ficou sem palavras quando os convidaram a olhar para o final da recta da meta e a discutir a partida e Hamilton lhe confidenciou: «Reparei que mudaste a tua sequência nos arranques…»! Já Bottas largará de novo do 3.º posto… de onde venceu na Rússia: «Não foi a melhor volta, mas tenho de salientar o fantástico trabalho que a equipa fez hoje no meu carro. E nem sempre é mau largar da 3.ª posição…», dizia com um sorriso matreiro.
Mas a grande história do dia tem mesmo de ser o 7.º posto de Fernando Alonso, a bater Sergio Perez (Force India) por 22 milésimos. O piloto da McLaren fez uma daquelas voltas como só ele faz quando quer «mostrar serviço» e, agora, tem a lição bem estudada, assim o carro o ajude: «Acho que andar na oval me ensinou a andar depressa também nas rectas!», dizia com o mais largo sorriso do fim-de-semana. «Nesta pista é difícil de ultrapassar, por isso vou tentar manter esta posição».
À sua frente os Red Bull estão demasiado rápidos, com Verstappen a bater um Ricciardo que tem estado discreto em Barcelona e quase a apanhar um Raikkonen que não conseguiu seguir o ritmo do trio da frente. Atrás tem o combativo Sergio Perez que tem uma especialidade semelhante à de Alonso: ganhar lugares na 1.ª volta! A partida promete! Tempos da qualificação:
Amanhã a corrida terá 66 voltas ao traçado de Barcelona Catalunya que tem um perímetro de 4,655 km. A prova começa quando forem 13 horas em Portugal Continental e Madeira.