A Ferrari conseguiu reduzir a margem para a Mercedes, mas não anulou a ideia de que a evolução que o W08 sofreu para o G.P. de Espanha devolveu a superioridade perdida à equipa tricampeã… Hamilton e Bottas voltaram a fazer tempos semelhantes – 0,090 s a separá-los – e deixaram Raikkonen e Vettel a três e quatro décimos de distância, respectivamente. Mas também nas simulações de corrida mostraram-se mais consistentes, conseguindo rodar em tempos mais baixos durante mais tempo.
Esta foi, contudo, uma sessão prejudicada pelo aparecimento das rajadas de vento que são sempre uma verdadeira armadilha na pista de Barcelona e que atiraram alguns pilotos fora na curva 13, nomeadamente Hamilton, mas também levaram Verstappen a uma saída mais intempestiva na curva 9 que chegou a danificar o fundo do Red Bull. Mais tarde assistiu-se também a saídas de Bottas na curva 7 e de Vettel na curva 4 quando pareciam ter tudo sob controlo… Os carros deste ano parecem mais sensíveis a estas rajadas de vento e isso pode estar relacionado tanto com os pneus mais largos como com as «barbatanas de tubarão». Mas pode ser mais um dado a ter em conta para a corrida de domingo, pois estão a levar os pilotos a erros totalmente inesperados…
Também é verdade que se está a andar muito mais depressa este ano! A marca de Hamilton é 1,2 s abaixo da sua «pole» de 2016 e ainda falta a Mercedes activar aquele modo mais agressivo do motor para a qualificação… O aumento de velocidade dos carros de 2017 é tal que as forças G medidas na curva 9 de entrada na recta interior, agora feita a fundo, aumentaram de 3,9 para 5,1 G! Ou seja, o pescoço tem de suportar 5,1 vezes o peso conjunto de cabeça e capacete!
De qualquer forma, ainda estamos a 1,12 s da «barreira mágica» que cumpriria a promessa de os monolugares de 2017 serem 5 s mais rápidos numa volta a Barcelona que os de 2015, quando estes regulamentos foram apresentados pela primeira vez! Será que o irão conseguir amanhã? Não será fácil mas, pelo que se viu hoje, se não houver vento (embora as previsões o esperem…), não será impossível!
Apesar da superioridade exibida ao longo de todo o dia de hoje pela Mercedes, a Ferrari não se mostra nem surpreendida nem desanimada. E Vettel, mesmo batido pelo colega de equipa, não se mostrava preocupado: «Sinto que o carro é rápido, é apenas uma questão de acertar melhor as afinações. Hoje não estive tão bem, mas acho que todos nós lutámos com as condições do vento». Quanto à quantidade de evoluções levadas pela Mercedes para o seu carro, o alemão foi pragmático: «Não interessa quem trouxe mais ‘updates’, interessa quem trouxe os melhores!».
Já Max Vertsappen, o mais rápido dos Red Bull, tem uma opinião diferente: «Estamos mais perto dos Ferrari, mas a Mercedes parece ter trazido um excelente ‘package’». E quando lhe perguntaram se podia repetir a vitória do ano passado, o holandês sorriu e desabafou: «Só se tivermos um acidente com os quatro carros à nossa frente…». E, no entanto, nem será de falta de potência do motor Renault que se deverão queixar, atendendo à colocação, logo atrás, dos dois carros oficiais da equipa francesa, cujas evoluções aerodinâmicas parecem estar a resultar bem.
Como é típico em Barcelona, pista em que chassis e aerodinâmica têm importância crucial e onde os pilotos se sentem tão em casa que conseguem explorar os seus carros a fundo, os primeiros lugares ficaram entregues… aos pares, com quatro equipas em «formação ordenada». Espera-se ainda um ressurgimento dos Williams e Force India que costumam ter uma sexta-feira mais discreta, a trabalhar mais para a corrida, apenas libertando a sua velocidade pura ao sábado…
Terminado o jogo de padel (e não ténis) Fernando Alonso regressou ao circuito mas ainda demorou a voltar à pista, pela troca do motor no seu carro. Foi o que menos voltas fez e usou o seu habitual sarcasmo para mostrar a sua «animação»: «O motor está fantástico, muito mais lento que antes… Espantoso!». E assim ficou com o último posto… Tempos da segunda sessão de treinos:
Amanhã o dia começa com uma hora de treinos livres, entre as 10 e as 11 horas de Portugal Continental e Madeira, seguindo-se a qualificação, a partir das 13 horas. Que é importante, numa pista onde se espera que as ultrapassagens não sejam propriamente fáceis…