Numa segunda sessão de treinos em que se trabalhou muito mais para a corrida do que para a qualificação – o tempo da manhã só foi melhorado em pouco mais de um décimo –, a Mercedes continuou no comando das operações dos preparativos para o G.P. de Itália, agora com Bottas à frente de Hamilton, por 56 milésimos. A novidade é que os Ferrari já apareceram muito mais próximos, a dizer que é preciso contar com eles!
Não se sabe, contudo, como interpretar o sinal dado pela Mercedes que arrumou tudo e deu o seu trabalho por terminado quando faltavam quase dez minutos para o final da sessão! Não, não foi qualquer avaria e sabe-se como as equipas gostam de aproveitar todos os minutos de pista que podem… Será um certo «bluff» exibicionista a mostrar como estão à-vontade na pista de Monza para assustar a concorrência? Ou estarão, de facto, muito à-vontade, não tendo exibido o seu real potencial?...
Sabe-se que, nas rectas, têm mais 6-7 km/h que os Ferrari, o que é bastante numa pista que tem quatro longas zonas a fundo. Mas em Monza também se ganha muito tempo nas travagens e na forma como se contorna as chicanes, ainda por cima nesta versão de «salsichas gigantes» por dentro que são autênticas agressões às suspensões… Vettel conseguiu ficar a apenas um décimo do tempo de Bottas e mostrar notável consistência com os pneus macios nas séries mais longas de muitas voltas, mas continuou-se a rodar acima da «pole» do ano passado.
No início do ano apontou-se Monza como um caso em que os carros deste ano até poderiam não ser mais rápidos que os de 2016, pelo peso mais elevado e pelas maiores dimensões que criam maior resistência ao ar, apesar das asas traseiras que estão a ser usadas e que não passam de finas lâminas. Será que se vai confirmar?!
Entretanto, um comentário de Marc Genè, ainda ligado à Ferrari, dizendo que amanhã a Ferrari não usará o mesmo motor que usou hoje provocou alguma agitação… Se se verificar correcta (e o espanhol está lá dentro…), será provavelmente um motor já utilizado anteriormente mas ainda longe de esgotar a sua vida útil, naquele esquema de rotatividade de que a Scuderia vinha falando. Porque não faz grande sentido estrear o quarto motor – e estamos só a falar do V6 térmico, porque se incluir o turbo implicaria penalização de 10 lugares… – nesta pista, quando já estaria sujeito à nova directiva que restringe o consumo de óleo de 1,2 para 0,9 l/100 km.
O quarteto das duas equipas da frente continua, aparentemente, sem concorrência, pois os Red Bull já estão bastante longe. Ricciardo e Verstappen estiveram, contudo, muito mais concentrados nas afinações de corrida que terá apoio aerodinâmico mínimo para lhes garantir uma velocidade em linha recta que lhes permita ultrapassar e ganhar os lugares que vão perder pelas penalizações impostas pela montagem de novos componentes nos grupos propulsores.
A grande surpresa voltam a ser os McLaren/Honda que, numa pista «só de motor», fazem 7.º e 8.º, depois de voltarem a aplicar a estratégia de Monza, com Vandoorne e Alonso a ajudarem-se à vez, oferecendo cone de ar de forma alternada. Mas será que só a McLaren vê como isto funciona tão bem? Claro que num Q3 não haverá tempo para as equipas que discutem a «pole» o fazer, a não ser que desistam da segunda tentativa… Mas para quem tenta fugir do Q1 e até para a luta para entrar no Q3 é uma estratégia tão óbvia.
A Renault tinha começado o dia em dificuldades e, quando mostrava estar a encontrar o caminho certo para subir na hierarquia dos tempos, viu Hulkenberg terminar mais cedo o seu treino, devido a problemas hidráulicos. Mas não foi a única mecânica francesa a ter problemas, pois também Carlos Sainz acabou a sessão mais cedo, com o motor do seu Toro Rosso envolto em fumo… ele que já tinha dez lugares de penalização por ter montado o quinto MGU-H do ano. Bela prenda no dia do seu 23.º aniversário! E Kevin Magnussen apanhou um valente susto quando a suspensão do Haas cedeu na rápida segunda direita de Lesmo, embora tenha conseguido evitar o despiste. Tempos da segunda sessão de treinos livres:
Já se sabe que, esta noite, em Maranello, o simulador trabalhará horas a fio, com Antonio Giovinazzi e vários engenheiros a procurarem afinações ainda melhores para o Ferrari SF70H. Por isso, é natural que, amanhã, a partir das 10 horas de Portugal continental e Madeira, os carros vermelhos apareçam numa forma ainda mais apurada, na sessão de uma hora de treinos livres. Às 13 horas será a qualificação, onde terão de enfrentar aquele modo «nuclear» dos motores da Mercedes… E será que se conseguirá chegar aos 1.19,5 mais rápidos de sempre? Esperemos que não chova…