Sebastian Vettel terminou na frente o primeiro dia de treinos para o G.P. do Bahrain mas é, sinceramente, difícil tirar grandes conclusões do que se passou na pista de Sakhir, tão confusa foi a sessão, com problemas vários, até para o Ferrari do alemão. Percebe-se que a Mercedes não está nada confortável com as condições de calor e esta pista que exige tanto do trem traseiro, mas isso não significa que não esteja em condições de lutar com a Ferrari. E, entretanto, a Red Bull parece ter-se aproximado, numa situação em que os carros de 2017 não conseguiram bater os de 2016… Que raio se passa no Bahrain?
Quando a sessão se iniciou, as condições eram bastante mais semelhantes às que pilotos e equipas encontrarão na qualificação e na corrida mas, mesmo assim, bem quentes: 34 ºC no ar e 35 ºC no asfalto. Nas tentativas de voltas de qualificação, Vettel foi o mais rápido mas, estranhamente, ainda aquém do melhor tempo do primeiro dia de treinos de 2016 e muito longe da «pole» de Hamilton de há um ano (1.29,493). Esta foi a maior surpresa do dia de hoje, sem que haja uma explicação óbvia, para carros que ainda há uma semana, na China, bateram a volta mais rápida em corrida do ano anterior por…. 4,4 s!
Muitos pilotos passaram o treino a queixar-se de falta de aderência das rodas traseiras, ora é precisamente aí que está uma das grandes vantagens dos carros deste ano e se o trem posterior não consegue funcionar, então os tempos não aparecem. Vai haver muita «pestana queimada» ao longo desta noite nas várias equipas até aos treinos de amanhã!
Para se perceber quão estranha foi esta sessão em termos de «caça» ao melhor tempo, basta referir que Vettel fez a volta mais rápida sem ser o melhor em qualquer dos três parciais! Hamilton foi o mais rápido no primeiro, Raikkonen no segundo e Bottas no terceiro e, se somarmos os seus tempos, a volta ideal teria sido 1.30,999, cerca de três décimos abaixo da marca de Vettel e… dois milésimos menos que o melhor tempo do primeiro dia de treinos de 2016.
Na frente, a única surpresa foi a pequena diferença a que Ricciardo conseguiu colocar o Red Bull do Ferrari de Vettel e do Mercedes de Bottas, batendo mesmo o Ferrari de Raikkonen! Isto não só é inesperado como dá a entender que as duas equipas da frente ainda não exibiram todo o seu potencial… Quanto a Lewis Hamilton, o seu tempo foi obtido apenas na terceira tentativa com o mesmo jogo de pneus, depois de um erro na primeira volta e de um susto na segunda, ao ter de evitar (com reclamação!) um distraído Nico Hulkenberg que poderá ter problemas com os Comissários… E o alemão já tem seis pontos na superlicença, para um máximo de 12 antes de ser suspenso por uma prova.
Outro incidente que deverá ser analisado pelos Comissários e que poderá colocar a Mercedes em apuros com a configuração do W08 foi a asa em «T» do carro de Bottas que voltou a voar (já sucedera na China). Só que, desta vez, ficou em plena pista e Verstappen passou-lhe mesmo por cima, danificando severamente o fundo plano do seu Red Bull (sempre são quase 30 mil euros!), o que o levou a perder os últimos vinte minutos da sessão…
Vettel não só colocou o Ferrari no topo da tabela dos tempos como conseguiu reagir rapidamente quando o seu carro teve um problema mecânico, libertando os cintos para chegar à frente do carro onde está o botão para colocar a caixa em «Neutral», permitindo-lhe deslizar mesmo até à entrada das «boxes». Pelos vistos não era nada de grave e o alemão pôde voltar, uns minutos depois, ao trabalho, juntando-se ao que já estava ser um outro jogo equilibrado entre Mercedes e Ferrari: as simulações das primeiras voltas de corrida, com os pneus supermacios e bastante gasolina nos depósitos (claro que não se sabe se exactamente a mesma…).
Nesse aspecto, Raikkonen rodava de forma constante em 1.37 baixos, enquanto Hamilton e Bottas variavam entre 1.36 altos e 1.37 médios… Vettel entrou na «dança» e revelou a mesma tendência, com os supermacios a aguentarem cerca de vinte voltas e os macios a não mostrarem problemas de degradação. Tudo aponta para um grande equilíbrio na frente e uma corrida de uma única paragem! E os médios a ficarem, uma vez mais, arrumados.
Este fim-de-semana, a Ferrari voltou a decretar uma espécie de «blackout» e, tirando os encontros obrigatórios com os «media», não deixou ninguém falar com os seus pilotos. Ontem deu a fantástica desculpa de Vettel ter muitos encontros com «sponsors» e ser injusto «carregar» Raikkonen com todo o trabalho com os «media»… Mas, pelos vistos, a conversa em pista continua em alta!
Olhando mais para trás, excelente demonstração do Renault oficial com Nico Hulkenberg, até a bater o Williams de Felipe Massa, de quem se espera mais, pela importância que o motor Mercedes terá nas longas rectas do Bahrain. Mas os travões, outro componente de importância crucial nesta pista, têm dado dores de cabeça à equipa que ficou com a velocidade de ponta mais elevada (330,5 km/h), por Lance Stroll que se queixava de estar cheio de dores no final da sessão...
Carlos Sainz teve de parar muito cedo, em plena pista, com problemas de motor no Toro Rosso, enquanto Stoffel Vandoorne quase não andou por o McLaren/Honda ter ficado pronto (troca de motor) com 40 minutos de sessão já decorrida mas, depois, ter tido mais problemas… Tempos do segundo treino:
As decisões começarão amanhã, com a qualificação. Antes, porém, haverá mais uma sessão de treinos livres, com apenas uma hora de duração, entre as 13 e as 14 horas de Portugal Continental e Madeira. Às 16 horas começará, então, a qualificação para a atribuição dos lugares na grelha de partida e da «pole position». Que, pelos vistos, vai valer a pena!