Sebastian Vettel conseguiu a sua 50.ª «pole position» e recolocar a Ferrari no centro das atenções, largando na frente para o G.P. do México de amanhã. Poderá já ser um pouco tarde para a discussão do título, é verdade, mas o alemão não desiste e irá protagonizar, com Verstappen (Red Bull) e Hamilton (Mercedes) a que poderá ser uma das mais excitantes corridas do ano!
«Isto só mostra que continuamos a trabalhar, porque sempre dissemos que não nos iríamos render enquanto fosse possível», comentou Maurizio Arrivabene, director da Scuderia. Vettel esteve brilhante na derradeira volta que fez e que deixou Verstappen (que dominara toda a qualificação) particularmente frustrado… Desde 1987 que a Ferrari não largava da 1.ª linha para o G.P. do México (Berger foi 2.º) e o alemão tudo fará para vencer a corrida que obrigará Hamilton a ser, pelo menos, 5.º se quiser ser campeão já amanhã.
Mas o que aconteceu aos Mercedes que tão dominantes se têm mostrado nas últimas qualificações?! Têm… vertigens e dão-se mal com as alturas! A altitude a que se situa o autódromo Hermanos Rodriguez (cerca de 2200 m) coloca as afinações numa situação curiosa, devido à rarefacção do ar: os carros rodam com a configuração de asas usada no Mónaco (apoio máximo) para conseguirem uma carga aerodinâmica semelhante à alcançada… em Monza onde usam umas asas mínimas! E já se sabe que os Mercedes, em configuração de carga máxima, ficam sempre vulneráveis, embora já muito menos do que no início da época.
O Q1 começou com um eliminado, quando Gasly nem saiu para a pista, o seu Toro Rosso sem motor… Os Mercedes ficaram na frente por pouco, mas sem que a mensagem fosse clara: por um lado tinham usado pneus ultramacios, contra os mais lentos supermacios de Ferrari e Red Bull; mas por outro, Hamilton tinha feito sete voltas, mostrando que tinha muitos quilos de combustível no depósito… Eliminados, além de Gasly, ficaram os dois Sauber que até bateram os dois Haas que repetiram a prestação deprimente que já tinham tido no México há um ano. Destaque especial para o tempo de Fernando Alonso, a menos de dois décimos da marca de Hamilton… Querem ver que os McLaren ainda chorarão de saudades do motor Honda?!
O Q2 trouxe mais más notícias para a Toro Rosso, com o motor de Brendon Hartley (que passara ao Q2 no seu segundo Grande Prémio) ficou sem potência. Entretanto, Verstappen fazia um tempo soberbo, sendo o primeiro a «invadir» o segundo 16 (1.16,526), batendo Hamilton por meio segundo! O problema é que ambos tinham feito os seus tempos nas segundas voltas com os pneus com que teriam de largar para a corrida, pelo que voltaram à pista para tentarem fazer um tempo só com uma volta nos pneus.
Aparentemente, contudo, o aquecimento do asfalto impediu qualquer melhorias nas segundas tentativas de toda a gente, pelo que holandês e britânico terão de largar amanhã com uns pneus com mais uma volta de desgaste que os dos seus adversários. Não foi só Hartley que não marcou um tempo, os dois McLaren nem saíram da «box» pelas pesadas penalizações que terão de cumprir. Os outros dois eliminados do Q3 foram os Williams, sem grande discussão…
Na primeira «rodada» do Q3, Hamilton começou na frente enquanto Bottas abortava a volta depois de se desconcentrar o passar por Verstappen e queimar uma travagem – e lá foram os comissários investigar se o holandês não teria bloqueado o finlandês! Vettel batia o britânico, mas ambos seriam «varridos» por um Verstappen verdadeiramente endiabrado a marcar 1.16,574, menos 2,2 s que a «pole» de 2016 e anterior recorde da pista! Ocon e Sainz também se mostravam bem mais rápidos que os colegas de equipa na Force India e Renault, respectivamente.
Com a ameaça de uma investigação e até de uma penalização, Verstappen despachou-se em voltar para a pista para uma segunda tentativa. Bottas, por seu turno, estava no seu «tudo ou nada» mas, compreensivelmente, não podia arriscar tudo, acabando com o 4.º tempo. Mas a surpresa estava guardada para os segundos finais pois, enquanto os olhos se concentravam no duelo entre Verstappen e Hamilton (nenhum melhorou), foi Vettel a «rebentar com a escala» e a ficar com o recorde da pista mexicana, com 1.16,488. Melhoria de «apenas» 3 s relativamente à «pole» de 2015, a provar a menor influência da eficiência aerodinâmica nesta pista, a grande qualidade dos carros deste ano.
«Foi uma grande volta porque, aqui, é difícil acertar com tudo de uma vez só, pois a pista está sempre muito escorregadia», contou Vettel. «Houve uma curva em que cheguei a pensar que tinha perdido o carro, mas afinal, nem tempo perdi e levei-o até final! De ontem para hoje melhorámos muito o carro [as habituais noitadas no simulador de Maranello!] que evoluiu muito». Vettel terá, amanhã, a mais longa recta da meta do Mundial, vazia, à sua frente e Hamilton atrás de si, mas mostra-se realista quanto ao Mundial: «Terei de maximizar tudo mas a verdade é que as coisas não estão no meu controlo como gostaria… Mas acho que merecemos um bom resultado!».
O ataque «fora de horas» de Vettel deixou Verstappen… a Kompensans! «Estou super chateado! No Q3 o carro ficou mais difícil de guiar, não conseguia pôs os pneus à temperatura ideal. O 2.º tempo é bom, mas queria mesmo era a ‘pole?!», dizia o holandês que dominou toda a qualificação… menos a parte que interessava! E que depois ainda teve de se ir explicar aos comissários acerca do incidente com Bottas. «Sei que fiquei com a volta estragada e que fiquei com uma única tentativa… Se deve ser penalizado? Isso já não é comigo», dizia o finlandês da Mercedes.
Hamilton estava pouco falador… «Ferrari e Red Bull fizeram um bom trabalho e estão muito rápidos, mas espero vir a ter belas batalhas na corrida com eles», dizia o britânico que, por muito «cool» que pareça, dá a ideia de estar a sofrer da pressão da iminência do título… Quem não se lembra dos pesadelos passados em Interlagos por Button em 2009 e Vettel em 2012 quando, depois de épocas em que andaram sempre na frente, se arrastaram em lugares secundários para garantirem os títulos quase com «serviços mínimos»?... O que, perdoe-se o aparte, ainda dá mais valor ao controlo emocional exibido por Nico Rosberg nas derradeiras corridas do ano passado!
Para trás, comRaikkonen longe de Vettel e Ricciardo a não se entender com o Red Bull, Esteban Ocon teve mais uma grande actuação (para frustração dos milhares de adeptos de Sergio Perez…) com um fabuloso 6.º tempo! Um prémio para os engenheiros da Force India, depois da noitada em permanente comunicação com Silverstone para resolverem os problemas ontem verificados nas afinações… Na Renault, Hulkenberg puxou dos galões e mostrou a Sainz que, tirando o deslize de Austin, tem por hábito bater os colegas de equipa na discussão dos lugares da grelha! Tempos da qualificação:
Tudo está, pois, a postos para uma corrida particularmente emotiva, amanhã, a partir das 19 horas de Portugal Continental e Madeira, para 71 voltas aos 4,304 km do autódromo Hermanos Rodriguez. Hamilton quererá vencer, claro, mas não se espere que arrisque seja o que for para o conseguir, pois há um valor mais alto a perseguir: ao britânico basta-lhe um 5.º lugar, no caso de vitória de Vettel, para se juntar ao alemão e a Alain Prost na lista dos tetracampeões do Mundo de Fórmula 1. Mas aquele duelo entre Vettel e Verstappen até à primeira curva promete!