O G.P. dos Estados Unidos deste ano fez-se difícil, com dois dias de chuva torrencial, mas depois compensou todos os amantes da Fórmula 1 com uma corrida soberba, emotiva, cheia de acção, trocas de posições, lutas de todo o tipo, mudanças radicais de estratégia e de lugares e, por fim, com a decisão do título mundial de Pilotos: Lewis Hamilton obteve a sua terceira vitória em quatro corridas na pista de Austin e garantiu o tricampeonato!
«É o momento mais incrível da minha vida! Obrigado por tudo o que fizeram para me ajudar. E à minha família, claro!», conseguiu dizer o britânico pelo rádio ao fim de alguns momentos em que não conseguiu controlar o choro! E ainda começou a fazer uns piões à frente dos fãs… mas a sua festa foi cortada de imediato pelo engenheiro, porque o material tem de durar mais três corridas: «Toma conta do carro que a festa é logo à noite».
Foi uma corrida tão agitada, com tanta história e tão emocionante… que é difícil saber por onde começar. Talvez logo pela partida em que os dois Mercedes chegaram a par à primeira curva e Hamilton forçou claramente Rosberg a sair de pista (e a perder quatro lugares!), sem contemplações, o que talvez explicasse o mau feitio do alemão no final da prova…
Enquanto a pista esteve molhada e os pneus intermédios funcionaram, os Red Bull mostraram a qualidade do chassis e Kvyat e Ricciardo conseguiram acompanhar Hamilton. Mas a diferença de potência entre os motores Mercedes e Renault era visível e nem com a ajuda do DRS o conseguiam ameaçar… Mas se o russo não teve sucesso nos seus ataques, cometendo alguns erros ao longo da corrida, Ricciardo conseguiu mesmo passar o Mercedes que já se debatia com problemas de tracção, com uns pneus intermédios que acusavam desgaste num asfalto a secar progressivamente. E o piloto da Red Bull liderou a corrida, chegando a ter um avanço de uma mão cheia de segundos!
Mas quando a pista secou e os pneus «slick» entraram no jogo, o potencial dos carros pôde ser levado ao máximo e o «status quo» veio ao de cima: Mercedes super rápidos na frente e o Ferrari de Vettel a trepar classificação acima! Era, contudo, Rosberg a comandar as operações e foi com surpresa que a Mercedes deixou os seus pilotos de fora quando o «safety car» entrou em pista para ser retirado o Sauber de Ericsson. A Ferrari aproveitou e trocou os pneus de Vettel que já não precisaria de parar até final… ficando com a vitória na mão!
Felizmente que, para os campeões do Mundo, haveria ainda mais um «safety car» virtual (retirar o carro acidentado de Hulkenberg) e um outro real (despiste de Kvyat) que permitiu trocar os pneus de Rosberg, primeiro, e de Hamilton, depois, salvando assim mais uma dupla. Quando o campeão do Mundo parou, Rosberg ficou com a corrida na mão a menos de dez voltas do fim, podendo adiar a decisão do título. Mas também ele cometeria um erro, entregando a vitória de mão beijada ao colega de equipa, acompanhada pelo «tri»…
O alemão da Mercedes terminou mesmo pressionado pelo seu compatriota da Ferrari, mas lá conseguiu garantir o 2.º posto que significou a nona dupla da Mercedes este ano! Um domínio claro e mais um título totalmente justo para Hamilton que conseguiu em Austin a décima vitória do ano, em 16 corridas. Com 62,5% de vitórias, quem porá em causa a justeza deste campeonato?...
Atrás destes homens foi… a guerra total!! Max Verstappen voltou a destacar-se com mais uma corrida fenomenal. Ainda alguém tem dúvidas quanto ao acerto da opção da Toro Rosso pelo «teenager»?! E se Sergio Perez (Force India) conseguiu destacar-se no 5.º posto, antecipando um bom fim-de-semana para o regresso da sua corrida – G.P. do México já no próximo domingo –, a luta entre Carlos Sainz (Toro Rosso) e Jenson Button (McLaren) animou as últimas voltas de um dos melhores (senão mesmo o melhor!) Grandes Prémios do ano, com o espanhol a perder o seu lugar por causa de uma penalização de 5 s. Classificação:
Lugar | Piloto | Carro | Tempo/Dif. |
1.º | Lewis Hamilton | Mercedes | 1.50.52,703 h |
2.º | Nico Rosberg | Mercedes | a 2,850 s |
3.º | Sebastian Vettel | Ferrari | a 3,381 s |
4.º | Max Verstappen | Toro Rosso/Renault | a 22,359 s |
5.º | Sergio Perez | Force India/Mercedes | a 24,413 s |
6.º | Jenson Button | McLaren/Honda | a 28,058 s |
7.º | Carlos Sainz | Toro Rosso/Renault | a 30,619 s |
8.º | Pastor Maldonado | Lotus/Mercedes | a 32,273 s |
9.º | Felipe Nasr | Sauber/Ferrari | a 40,257 s |
10.º | Daniel Ricciardo | Red Bull/Renault | a 53,371 s |
11.º | Fernando Alonso | McLaren/Honda | a 54,816 s |
12.º | Alexander Rossi | Manor Marussia/Ferrari | a 1.15,277 m |
— | Daniil Kvyat | Red Bull/Renault | Despiste |
— | Nico Hulkenberg | Force India/Mercedes | Colisão |
— | Marcus Ericsson | Sauber/Ferrari | Motor |
— | Kimi Raikkonen | Ferrari | Saída/travões danif. |
— | Felipe Massa | Williams/Mercedes | Prob. mecânicos |
— | Romain Grosjean | Lotus/Mercedes | Susp. danificada |
— | Valtteri Bottas | Williams/Mercedes | Susp. tras. partida |
— | Will Stevens | Manor Marussia/Ferrari | Colisão |
Refira-se que, depois do brilharete inicial, quando a pista secou os Red Bull foram-se atrasando e acabaram mesmo com um resultado discreto: Kvyat abandonou quando se despistou por um erro de pilotagem; Ricciardo caiu muitos lugares com um carro afectado pela colisão com Hulkenberg. Por fim, diga-se que, no seu primeiro Grande Prémio «em casa», Alexander Rossi consegiu igualar o melhor resultado do ano da Manor Marussia, com um 12.º lugar!