A polémica em torno da adopção do Halo levou Sir Jackie Stewart a… viajar no tempo e a recordar-se dos anos em que liderou a luta dos pilotos pela melhoria das condições de segurança. «Também aí disseram que eu queria matar a Fórmula 1…», lembrou quando, entre o final dos anos 60 e o início dos 70, fez campanha para que os circuitos adoptassem novas medidas de segurança, além da melhoria dos equipamentos dos pilotos.
Perante as muitas críticas em relação ao Halo, com uma maioria dos fãs da F1 a insurgirem-se contra o dispositivo, mas também algumas figuras importantes da disciplina a pronunciarem-se contra – Niki Lauda, presidente não-executivo da equipa Mercedes, disse que matava o ADN da F1… –, o tricampeão do Mundo britânico voltou a falar em nome do aumento da segurança, numa entrevista à revista britânica «Autosport».
«A minha opinião é: se se pode salvar uma vida e se estas pessoas tivessem ido a tantos funerais como eu fui e chorado tantas lágrimas como eu chorei por ver bons amigos morrer, talvez não se opusessem. Tudo isso acabou, tudo isso foi afastado pelos avanços tecnológicos. Mas receio que não tenha uma opinião negativa sobre o Halo. Leio muitos colunistas que escrevem ‘isto vai ser o fim da Fórmula 1 para mim, estou fora, não posso ver isto’. Bem, era o que diziam no meu tempo, ‘Jackie Stewart vai matar o desporto automóvel’ por causa da segurança das pistas!».
«Penso que temos de ter o máximo de segurança que pudermos e não faz sentido pensar que estamos a destruir o desporto automóvel e a Fórmula 1 – repare, o capacete integral foi criticado porque não deixava ver a cara do piloto…». E fez um paralelo entre os sistemas de segurança e a medicina: «A medicina preventiva não só é mais eficaz como é muito mais barata que a medicina correctiva».
Regressando ao Halo, Stewart recordou: «É necessário, na minha opinião, por causa da morte do Henry Surtees, não por uma roda do seu carro mas pela roda de outro. E isso pode suceder a qualquer momento. Foi pouca sorte… Mas porquê confiar na sorte?».
NOTA – Como os ânimos andam exaltados em torno da adopção do Halo, deixemos clara a nossa posição. Aqui no F1Flash.com nunca fomos fãs nem a favor do Halo e comungamos da esmagadora maioria das opiniões (até dos que defendem a sua utilização) de que é uma peça feia que vai descaracterizar a estética dos monolugares. Por agora, não aplaudimos mas também não condenamos a FIA pela decisão. Porque o desporto automóvel é feito de imprevistos e não queremos passar pela hipocrisia de vir aplaudir a introdução do Halo no dia em que uma vida for salva por aquela estrutura. Porque no dia em que isso suceder é o que faremos!
Dito isto, a nossa posição em relação ao Halo é de puro pragmatismo. Tomada a decisão, passou a fase de discutir se vale ou não a pena, se fica bem ou não. Está decidido, vai ser um facto. Vai ser um choque também… Mas não houve outros, como quando os motores passaram da frente para trás ou quando apareceram as primeiras asas, meio «desengonçadas», nuns finos e muito altos pilares?... Esteticamente, quem sobreviveu aos monolugares de 2012 com os seus narizes de «ornitorrinco» sobrevive a tudo!
Vai ser estranho e visualmente desconfortável? Claro que vai. Falta ver o que as equipas farão para tornar o sistema mais agradável à vista, com a liberdade que lhes foi dada pela FIA, basta recordar que a Williams pintou o seu Halo de branco, tal como o resto do carro, e «aquilo» ficou logo com outro ar. Não, não ficou bonito nem bem integrado, apenas menos mau…
Voltando à nossa posição em relação ao Halo: está decidido, não vale a pena chover no molhado se é bonito ou não, se descaracteriza ou não a F1, é com aquilo que se irá correr em 2018. E é nesta última frase que nos concentramos: «que se irá correr». Porque não é uma estrutura num «cockpit» que poderá estragar uma grande competição, de altíssimo nível tecnológico, com os carros mais rápidos do Mundo em circuito e com os melhores pilotos. Quem diz que deixará de ver F1 por causa de uma «coisa» que vai ser colocada nos carros, então porque a acompanha agora?... Pela competição em si e que deverá manter-se ou unicamente pela estética dos automóveis?...
Nós aqui somos a 100% pela competição, independentemente do visual dos monolugares ou do som dos seus motores. Queremos luta roda-com-roda, cérebros em competição pela melhor estratégia, jogo do «gato e do rato» a ver quem se sobrepõe com o material que tem. E se um carro, para se tornar mais rápido, tiver de adoptar soluções visualmente feias, pois que o faça! Ou seja, não é um monolugar com o feioso Halo que nos limitará minimamente a paixão pela maior competição automóvel do Mundo e que vem tendo, este ano, um crescimento notável a nível de adesão nas redes sociais, além de ter conseguido inverter a tendência de quebra de audiências televisivas.