O circuito de Sepang prepara-se para receber uma enchente este fim-de-semana, para assistir à prova do MotoGP, numa altura em que está em plena discussão a possibilidade de a Malásia… desistir de acolher a Fórmula 1, apesar de ter contrato válido até 2018!
Uma decisão drástica poderá ser tomada ainda esta semana, no decorrer de uma reunião entre os accionistas do SIC (Sepang International Circuit) e o ministério das Finanças malaio em que o ponto principal da ordem de trabalhos é o futuro do Grande Prémio de Fórmula 1. E a vontade de continuar, a dar crédito às declarações dos principais envolvidos, não parece ser grande. Mesmo com a Mercedes – cujo principal patrocinador é a petrolífera da Malásia! – a ganhar e a coleccionar títulos!
A Malásia acolhe a F1 desde 1999 mas a venda de bilhetes tem vindo a cair de prova para prova. Este ano apenas foram vendidos 60% dos bilhetes… Pior ainda, segundo o presidente do circuito de Sepang, Razlan Ahmad Razali, as audiências televisivas da prova deste ano foram as mais baixas de sempre… «A F1 parece já não ser um desporto excitante por ser dominado por uma equipa e o país deverá reconsiderar o futuro do Grande Prémio», referiu Razali, acrescentando: «Talvez fosse bom para a Malásia fazer um intervalo».
Razali recebeu o forte apoio do ministro da Juventude e Desporto, Khairy Jamaluddin, que levou a cabo uma autêntica campanha na sua conta de Twitter para que o país desistisse da F1 e se concentrasse apenas no MotoGP: «Penso que devíamos deixar de receber a F1. Pelo menos por algum tempo. Custos muito elevados, retorno limitado»; «Quando recebemos a F1 foi um grande evento, a primeira vez na Ásia fora do Japão. Agora há tantas corridas, já não é vantajoso, não é novidade»; «Para que conste continuo a apoiar o MotoGP. 1) ‘Fee’ e custos mais baixos; 2) Bilhetes esgotados; 3) Temos pilotos em Moto2 e 3».
A estes argumentos juntou ainda a concorrência directa da corrida de Singapura – embora tenha sido a Malásia a solicitar a mudança no calendário para a data que a «colou» à corrida vizinha… – e os custos insuportáveis para iluminar a pista de Sepang, de forma a fazer uma corrida nocturna.
A única coisa que não ficou esclarecida é se esta vontade de deixar cair a F1 é imediata ou apenas quando terminar o contrato, em 2019. Porque, se for imediata, Ecclestone (e os novos donos da F1…) porá já o seu batalhão de advogados a fazer contas quanto à indemnização a pagar pelos promotores malaios…
De qualquer forma, esta é uma primeira campainha de alarme que deverá fazer com que os responsáveis da Liberty Media para a Fórmula 1, com Chase Carey à cabeça, a reagirem rapidamente! Porque esta atitude da Malásia poderá espoletar uma acção em cadeia de outros promotores e atirar o Mundial de F1 para uma situação particularmente delicada. Já se sabia que os novos responsáveis pela F1 teriam de mudar muita coisa para recuperar a popularidade da disciplina. Ficou agora a perceber-se que não dispõem de tempo algum para o fazer. A acção tem de ser… para já!