Foi num vídeo de sete minutos em que agradeceu a uma enorme quantidade de pessoas que o ajudaram ao longo uma quinzena de anos que Felipe Massa revelou publicamente e, em especial, aos seus fãs, a decisão de terminar, após o G.P. do Abu Dhabi, a 27 de Novembro, a sua carreira enquanto piloto de Fórmula 1.
Foram 14 temporadas em que o brasileiro se afirmou como um piloto rápido e consistente, merecendo a confiança da Ferrari, a tal ponto que se tornou, com oito temporadas, no segundo piloto a passar mais tempo ao serviço da Scuderia! «Tenho tantas memórias destes anos! A minha carreira foi muito maior do que aquilo que alguma vez esperei e só posso estar orgulhoso pelo que alcancei», referiu Massa.
Ao terceiro ano na Williams, chega a hora de dizer adeus e de partir para outros desafios que o brasileiro não quis ainda revelar mas que podem passar por competir noutras categorias. Pelo menos Massa deixou-o em aberto. «É uma honra acabar a carreira com uma equipa como a William e será um dia particularmente emocional terminar a minha carreira de F1 no Abu Dhabi, com o meu 250.º Grande Prémio». Conhecendo-o… haverá choradeira pela certa!
Felipe Massa sempre foi um piloto extremamente dotado e, depois de dominar as competições brasileiras, «saltou» para a Europa em 2000, onde conquistou os campeonatos italiano e Europeu de Fórmula 3. No ano seguinte, optou por fazer o EuroF3000 que era, no fundo, o campeonato italiano de Fórmula 3000, em vez do Europeu, sagrando-se campeão. Vendo o seu valor, Peter Sauber não teve dúvida em promovê-lo à Fórmula 1 em 2002, onde Felipe Massa somou os primeiros pontos logo na sua segunda corrida, ao ser 6.º na Malásia!
A Ferrari, apercebendo-se das suas qualidades, contratou-o para piloto de testes – na altura em que os pilotos de testes… testavam! –, pelo que Massa não correu em 2003, apesar de ter acumulado muitos quilómetros e experiência. Voltaria à Sauber para mais duas épocas, antes de assinar pela Ferrari em 2005, onde ficou no lugar do compatriota Rubens Barrichello e ao lado de Michael Schumacher.
Apanhou, contudo, a fase descendente da Scuderia (e a ascensão de Fernando Alonso). As primeiras vitórias chegariam no ano seguinte, 2006, primeiro na Turquia e depois, num dos pontos mais altos da sua carreira, em frente da sua «torcida», no Brasil! Seria também em Interlagos, em 2008, que obteria a última das suas onze vitórias… e a mais amarga de todas: lutava pelo título mundial e, depois de cortar a meta, julgou ser campeão do Mundo por breves segundos, até saber que Lewis Hamilton ganhara uma posição na última curva, chegando ao 5.º posto que lhe dava o campeonato por um ponto!
Uma tremenda desilusão para Massa que se recompôs para a época seguinte em que já não teve um carro tão bom. Mas 2009 seria o ponto mais baixo da sua carreira quando, na Hungria, sofreu um acidente… «impossível»: uma mola do Brawn de Barrichello saltou e enfiou-se na viseira do capacete de Massa quase o cegando e provocando-lhe lesões gravíssimas! O brasileiro não correu mais nesse ano, mas recuperou e, com enorme força de vontade, agarrou-se ao seu sonho e vontade de guiar um F1 e lá estava à partida em 2010.
Por fim, em 2014, Massa saiu da Ferrari pela qual competiu em 139 Grandes Prémios, entrando na Williams, juntamente com o seu engenheiro, Rob Smedley. Na F1 há muito poucas coincidências e a verdade é que, de repente, a Williams passou a andar ao nível que há muito não se via, conseguindo dois 3.º lugares nos últimos Mundiais de Construtores… Este ano as coisas não estão a correr tão bem e Massa acha que é altura de dar lugar aos mais novos. Correndo tudo pelo normal, abandonará a F1 com 250 Grandes Prémios realizados. Por agora conta com 11 vitórias, 16 «poles», 11 melhores voltas e 41 pódios, sendo um dos pilotos mais populares do «paddock».
Quanto à sua substituição – Valtteri Bottas parece seguro no outro Williams –, as hipóteses neste momento são várias. É sabido o «namoro» de Jenson Button com a equipa em que se iniciou na F1 e também das conversas que os patrocinadores de Sergio Perez têm mantido com a equipa. Há ainda o piloto de reserva, Alex Lynn, a dizer que espera uma oportunidade. E pode ainda aparecer uma surpresa, com o «teenager» Lance Stroll: o jovem canadiano, caso vença as Euroseries de F3 (única forma de obter a superlicença) poderá estar com um pé na equipa, pois tem vindo a fazer diversos testes secretos com um Williams de 2014, de forma a somar os quilómetros necessários ao volante de um F1. E lá rápido é ele!…