Chase Carey, o homem forte da Liberty Media, deixou cair, na entrevista que concedeu ao diário francês «L’Équipe», uma sugestão bem interessante: porque não transformar aquele desfile quase diário, ao longo de dez ou quinze dias de Fevereiro, de apresentações isoladas dos novos monolugares de Fórmula 1 num grande «show» televisivo, transmitido a nível global, em que as equipas mostrassem em simultâneo os seus novos carros para cada temporada?!
Quando a Liberty Media tomou conta da parte comercial da Fórmula 1 e anunciou que iria introduzir algumas novidades para melhorar o espectáculo, logo houve quem temesse uma excessiva «americanização» de uma competição que sempre se regeu por regras bem diferentes das competições realizadas nos «States». Mas, no seu processo de «enamoramento» pela F1, Chase Carey tem-se mostrado cuidadoso na forma como vai avançando, nas coisas em que vai mexendo e no lançamento de novas ideias. E esta parece uma excelente ideia, assim as equipas queiram sair da sua «bolha» e deixar de pensar só no seu umbigo e participar em algo maior e colectivo…
«Este Inverno, as equipas apresentaram-se com os seus novos carros em Barcelona em que isso tivesse sido minimamente mediatizado», constatou o americano. «Podíamos imaginar um espectáculo televisivo em que as equipas desvendassem os seus monolugares. É preciso manter os fãs ligados à disciplina doze meses por ano!».
Carey considera (e bem) que a F1 passa por um período pouco mediatizado durante o defeso e que poderia aprender com o que se faz nos Estados Unidos, a nível das ligas de futebol ou de basquetebol. «É um modelo interessante. Conseguiram transformar o ‘draft’ [a simples escolha pelas equipas grandes dos melhores jogadores jovens] num grande acontecimento a nível nacional!», explicou, dando a entender que, por vezes, há que deitar mão aos pouco que há para mostrar para criar grandes espectáculos e conseguir a fidelização dos adeptos.
É claro que cada equipa de F1 tem os seus interesses próprios em fazer uma apresentação isolada, em que pode promover melhor os seus patrocinadores. Mas veja-se o que sucedeu este ano: Ferrari, Red Bull, Williams e Sauber não fizeram qualquer cerimónia de apresentação; Mercedes, Renault, McLaren e Force India tiveram eventos com convidados; Haas e Toro Rosso fizeram uma «coisinha» meio a correr já na pista de Barcelona para mostrar o novo carro.
Não teriam todos a ganhar – em especial as equipas pequenas – se participassem num grande espectáculo televisivo, bem produzido, com uma audiência à escala global e em que, durante alguns minutos, mesmo que poucos, cada equipa pudesse exibir o novo carro e os seus patrocinadores? Logo a seguir, ou umas horas antes até, cada escuderia poderia ter o seu próprio evento, com os seus convidados. Mas a mediatização do próximo campeonato, apenas prevista para os últimos dias de Março, com o G.P. da Austrália (aparentemente a 25 de Março), poderia começar logo em Fevereiro. Não é, de facto, uma boa ideia?...