«Acho que temos uma bela batalha entre mãos!». A exclamação é de Lewis Hamilton e resume as conclusões do tricampeão do Mundo acerca do que viu em Barcelona, onde passou os oito dias de testes e viu o que a Ferrari fez. «Fizeram um fantástico trabalho e penso que ainda têm mais para dar. O ritmo do carro deles é espectacular».
Mas Hamilton não se limita aos Ferrari, mesmo que a Scuderia e a sua equipa tenham saído de Barcelona em clara vantagem sobre os outros: «Não sei se a Red Bull levou as evoluções para os testes mas, normalmente, levam grandes alterações para a primeira corrida. Estou à espera de uma séria batalha com estas duas equipas». Já quando lhe perguntaram se não teria andado a Mercedes a esconder o jogo, Hamilton… escondeu o jogo: «Não sei se há essa coisa dos ‘mind games’, sei que quando fui para a pista tentei sempre andar o mais rápido que podia». Sem esclarecer, contudo, se alguma vez tentou extrair todo o potencial do W08 no cronómetro…
Kimi Raikkonen deixou os homens da Mercedes preocupados, não só pelo tempo de 1.18,634 obtido mas também pela forma quase… displicente como falou do seu feito: «Se quiséssemos podíamos ter sido mais rápidos, mas não era esse o propósito do teste», comentou o finlandês. «Ainda temos muita coisa para melhorar no carro mas, até aqui, é uma diferença gigantesca face ao que tivemos no ano passado, em todos os aspectos, em especial a fiabilidade».
Curiosamente, segundo Sebastian Vettel, foi a péssima temporada de 2016 que contribuiu para tão forte arranque neste ano… «No geral, a equipa está em muito melhor forma, principalmente com o que aprendemos no ano passado, foi uma época extremamente importante para nós. Olhando para os resultados, pode ter parecido um ano fraco mas, nos bastidores, sucederam muitas coisas que nos permitiram dar este passo em frente».
O alemão foi ainda mais específico quanto ao processo por que passou a Scuderia: «Claro que 2015 foi um grande ano de estreia na Ferrari, com três vitórias. Já 2016 foi um passo atrás nos resultados mas foi um avanço gigantesco a nível da organização e de toda a equipa que cresceram muito. Neste momento, estamos muito mais bem preparados do que estávamos há um ano!».
Será que, em Melbourne, poderemos ter uma Scuderia mais forte que a Mercedes?! A verdade é que o que se ouve dos pilotos da equipa alemã é de alguma insatisfação em relação ao ponto actual de preparação… «Ainda procuramos quais os componentes que melhor funcionam no carro e como optimizar todo o conjunto», reconheceu Bottas, confirmando a informação que corria que as evoluções experimentadas não estavam a dar os resultados esperados… «A competição em Melbourne vai ser apertada!», garantiu o finlandês.
Hamilton confessou que a Mercedes ainda não tinha encontrado o «sweetspot» do seu carro, ou seja, aquele ponto de equilíbrio perfeito que permite aos pilotos tirarem o máximo partido do seu carro. Niki Lauda também reconheceu que nem tudo tinha corrido bem na preparação da nova temporada: «Experimentámos algumas evoluções que não funcionaram, quando esperávamos o contrário… Acho que vamos enfrentar um ano difícil, mas não deixo de estar optimista».
Hamilton acusou, inicialmente, a Ferrari de estar a fazer «bluff» (viria a retirar a acusação…) mas, agora, quem estará a fazer «bluff»? Poderá ser a Mercedes? Ou estarão os tricampeões do Mundo mesmo em apuros e poderemos ter uma época com valores invertidos ou, pelo menos, muito mais nivelados? Há também quem recorde que, há um ano, também os Ferrari saíram de Barcelona como os mais rápidos e, depois, foi o que foi…