Os futuros novos donos da parte comercial da Fórmula 1, a Liberty Media – com todas as vias legais já praticamente abertas, só falta o voto dos accionistas, a 17 de Janeiro, para nascer o Formula One Group –, estão mesmo apostados em introduzir mudanças profundas no campeonato do Mundo. E, pontualmente, vão lançando temas para discussão, tentando perceber reacções e antecipar o que poderá funcionar.
Essencialmente porque sabem que, antes de 2020, final da vigência dos actuais Acordos da Concórdia, não poderão introduzir alterações radicais ao esquema nem do Mundial nem dos próprios Grandes Prémios. O que, por outro lado, lhes dá a vantagem de poderem negociar tranquilamente com as equipas todas as alterações radicais que pretendem introduzir, a nível desportivo.
As duas mais importantes estão intimamente ligadas uma à outra: o aumento do número de corridas em cada temporada, o que será facilitado pela redução dos fins-de-semana de Grande Prémio de três para dois dias. Os norte-americanos querem que a F1 siga um caminho semelhante à Nascar que corre quase todos os fins-de-semana, embora mantendo um máximo de 25 corridas anuais (face às 20 de 2017 ou às 21 de 2016), devido ao seu carácter global.
Depois da última longa e extenuante temporada, todos os envolvidos no Mundial diriam que é impossível fazer um campeonato com tantas corridas. Mas é aí que entra a outra variável, cortando um dia a cada Grande Prémio, mas concretamente a sexta-feira de treinos livres que raramente consegue atrair números significativos de espectadores, bem como de audiências televisivas.
Com mais corridas, a F1 conseguiria o objectivo de devolver algumas corridas histórias à Europa e ainda desenvolver os mercados asiático e americano, tanto na América do Sul como, mais tarde, nos Estados Unidos onde a sua popularidade continua a ser muito reduzida. Quanto aos fins-de-semana mais curtos, é repescar a ideia que Bernie Ecclestone já procurou discutir diversas vezes, levando sempre «negas» das equipas: só sábado e domingo, com uma corrida de «sprint» no final da tarde de sábado e, no domingo, um Grande Prémio mais curto que os actuais 300 km, de forma a agradar às audiências norte-americanas…
Desta vez, contudo, a ideia foi bem recebida por alguns dos chefes das equipas de Fórmula 1 e o jornal britânico «iSport» citou mesmo um desses responsáveis dizendo: «É viável. Há vontade de fazermos algo de diferente nos fins-de-semana de corridas. O que se passa agora é que o domingo é o dia do espectáculo e tudo o que se passa antes é só a sua preparação. Do ponto-de-vista de uma equipa, dois dias de Grande Prémio fazem sentido, embora neste momento os contratos com os promotores dos Grandes Prémios obriguem a ter os carros em pista por três dias». Daí qualquer alteração ter de esperar por 2020…