Ao contrário do que é voz corrente, o último Mundial de Fórmula 1 foi dos que teve mais ultrapassagens em pista desde que há dados recolhidos nesse sentido. Ou seja, há mais de trinta anos, pois essa é uma estatística que começou a ser feita em 1983! Mais um amargo de boca para os adeptos do «antigamente é que era»…
É verdade que é mais fácil o número total de ultrapassagens, que chegou aos 866 (média de 41,2 por corrida), ser mais alto este ano por ter havido mais corridas, 21, algo de inédito na história do Mundial. Mas há outros dados que são «première» absoluta: o G.P. da China foi a corrida em seco em que se registaram mais ultrapassagens de sempre, com… 128! E Max Verstappen foi o piloto que mais lugares ganhou durante as corridas, com um total de 78, 18 quando guiava na Toro Rosso e 60 já na Red Bull, outro máximo.
Antes de avançarmos com mais estatísticas, esclareça-se como são obtidos estes dados. Nestas ultrapassagens não são contabilizadas as posições ganhas à partida ou durante a 1.ª volta, nem as conseguidas devido a problemas mecânicos de outro piloto. E para uma ultrapassagem ser considerada consumada, a posição ganhar tem de ser mantida pelo menos até ser cruzada a linha de meta. Obviamente que também não contam as ultrapassagens a pilotos mais lentos (dobragens), já que não está em jogo o ganho de qualquer posição.
Ainda segundo os dados estatísticos da Pirelli, a corrida brasileira, sob o dilúvio que obrigou a duas interrupções, teve 64 ultrapassagens, enquanto a corrida mais chata do ano foi, sem grande surpresa, a da Hungria, com apenas 10 trocas de posições em pista…
Se Verstappen foi o piloto que totalizou mais ultrapassagens, numa só corrida o campeão foi Lewis Hamilton que, no G.P. da China, ultrapassou por 18 vezes! Já Sebastian Vettel pode gabar-se de outro recorde: foi o único piloto a ser ultrapassado uma única vez em todo o Mundial, à 66.ª volta do G.P. do Brasil, numa manobra em que se ficou a lamentar da agressividade de Verstappen que o teria empurrado para fora da pista… O holandês (60), juntamente com Ricciardo (61) e Kvyat (15) fizeram da Red Bull a equipa com mais ultrapassagens (136) na época de 2016.
Sem qualquer surpresa, dada a superioridade evidenciada e a forma como andaram quase sempre na frente e no controlo das operações, os Mercedes foram os carros menos ultrapassados, apenas sete vezes: quatro Rosberg e três Hamilton. Uma delas num duelo directo que ficou célebre, quando o campeão do Mundo deste ano foi passado pelo tricampeão seu colega de equipa, com ambos os carros a colidirem, na última volta do G.P. da Áustria!...
Por fim, refira-se ainda que, relativamente ao arranque e à primeira volta, a fase da corrida em que se ganham (ou perdem…) mais posições, o grande campeão continua a ser… Fernando Alonso. A agressividade do espanhol continua ímpar: apesar de só ter feito 20 partidas – não correu no Bahrain, devido ao violento despiste sofrido na Austrália –, Alonso foi o piloto que mais lugares ganhou no somatório das primeiras voltas, 41!