Os futuros donos dos direitos comerciais da Fórmula 1, os norte-americanos da Liberty Media – podemos começar a chamar-lhe já Formula One Group – poderão pôr fim à situação de privilégio da Ferrari que desde há muitos anos recebe um bónus só pela sua participação no Mundial, independentemente da classificação. Uma maquia choruda que ronda os 75 milhões de euros anuais, acordada com Bernie Ecclestone, por ser a única equipa que participa no Mundial desde a sua criação, em 1950.
Segundo Greg Maffei, o patrão da Liberty Media, esse bónus poderá ser retirado à Scuderia, para que haja uma distribuição de verbas mais equitativa por todas as equipas. A revelação foi feita numa entrevista à revista «Forbes», em que Maffei disse esperar que a equipa italiana aceite esta alteração: «Se fores a Ferrari consegues enormes fontes de receitas directamente dos patrocinadores. E se houver melhores corridas, isso irá reflectir-se de forma positiva».
É óbvio que, embora ainda não se tenha ouvido qualquer reacção de Maranello, a Ferrari não há-de reagir bem, em especial quando o seu presidente, Sergio Marchionne, ainda recentemente declarou aos seus accionistas que a equipa de F1 não podia continuar a ser um «poço sem fundo»… É, por isso, natural que, nos próximos tempos, voltem a surgir as habituais ameaças de abandono da F1 por parte da Scuderia…
Voltando às opções expressas por Maffei, a sua ideia é tentar criar maior igualdade em pista: «Queremos aproximar as verbas pagas às equipas para que haja mais igualdade e se crie uma maior justiça. Eu ponho-me no lugar da Ferrari e penso que, criando uma plataforma que ajude a aumentar os investimentos dos patrocinadores, irá compensar essa alteração». Sabendo o que se sabe da F1 e da sua… voracidade por dinheiro, este é um discurso ou totalmente naïf (o que é pouco crível), ou o início de uma longa batalha…
Noutra frente, a empresa norte-americana parece já ter decidido o futuro de Bernie Ecclestone e até poderá anunciá-lo na próxima semana: como já aqui explicámos, o Formula One Group deverá nomear Sean Bratches (ex-ESPN) para as tarefas que Ecclestone desempenhou com brilhantismo durante décadas, reservando a «Mr.E» um lugar de presidente honorário, mas sem quaisquer funções executivas.