Quando se diz que o G.P. do México é um dos mais difíceis do ano para as equipas, em termos e salvaguardar as mecânicas, isso está, obviamente, relacionado com a elevada altitude (2200 m) a que se encontra o autódromo Hermanos Rodriguez e que o torna único. A baixa densidade do ar coloca enormes dificuldades aos engenheiros para conseguirem o corrector arrefecimento de motores, travões e demais mecânica, pois a massa de ar que chega aos radiadores é menor.
Pelo contrário, para chegar aos mesmos níveis de potência (ninguém vai arriscar a andar com menos cavalos que a concorrência…), os turbos têm de trabalhar a rotações mais elevadas, gerando ainda mais calor, num ambiente em que a refrigeração é mais difícil! «Temos a mesma quantidade de calor, ou até talvez mais, mas depois temos menos arrefecimento porque a massa de ar através dos radiadores é menor que a normal, portanto é mesmo um pau de dois bicos!», explica Paddy Lowe, director-técnico da Williams.
Estaremos, pois, perante uma corrida em que os duelos «roda com roda» estarão muito limitados no tempo… Nem pensar em ter um piloto colado a outro durante toda a corrida, veremos muito a fugirem das traseiras dos carros da frente, desesperadamente à procura de ar fresco. Até porque, na pista mexicana, tanto o cone de ar como até o DRS terão menor influência (ainda assim alguma, claro), precisamente pela fineza do ar envolvente.
Se ontem, na qualificação, pudemos ver os pilotos a explorar as mecânicas a fundo, por se tratar apenas de uma volta rápida, hoje, nas 71 voltas, terão de alterar bastante o seu estilo de pilotagem para preservarem as mecânicas ao longo de tão longa corrida. Haverá muito mais «lift and coast» no final das rectas – aquele tirar o pé do acelerador mas não travar logo e deixar que a parte híbrida de regeneração de energia de travagem vá abrandando o carro – para pouparem na utilização dos travões. «Faz-se ‘lift and coast’ em todo o lado, pelos travões, combustível, pneus mas sobretudo pelo arrefecimento, mais que por tudo o resto», explico Lowe.
Por isso o longo «sprint» de cerca um quilómetro até à curva 1 e a travagem quando lá chegarem (ainda com os pneus longe de estarem à temperatura ideal) serão tão importantes na luta pela vitória. «Não se pode andar junto da caixa de velocidade de outro carro durante 20 voltas, temos de atacar de imediato porque, ao longo da corrida, teremos de gerir com muito cuidado os travões e as temperaturas», explica Daniel Ricciardo.
É claro que nos arriscamos a assistir, nalguma fase da corrida, a um longo «comboio», com os carros à distância, sem se aproximarem demasiado do da frente, em especial entre os que estiveram nas posições pontuáveis. Porque levar o carro até final será o grande objectivo e será preciso tratar dele com todos os cuidados, numa das corridas mais difíceis do ano, pelos problemas únicos que coloca.
Uma ajuda para hoje poderá ser a prevista redução da temperatura que não deverá ultrapassar os 22 ºC, mas isso não resolve o problema da quantidade de ar que entra nos radiadores e que nunca é aquela que os engenheiros desejam. Há, por isso, a possibilidade de termos uma prova com mais abandonos que o normal, tal como já tivemos dois dias de treinos repletos de problemas mecânicos. Mas aquele início de corrida com Vettel-Verstappen-Hamilton num longo «sprint», mais o que poderá ser a decisão do título mundial de Pilotos valerá bem o espectáculo!