A Fórmula 1 faz, este fim-de-semana, um intervalinho na temporada europeia para a sua habitual visita ao Canadá para uma das corridas favoritas de grande parte dos pilotos. Não pela pista em si que, sendo bastante interessante e colocando alguns problemas aos carros, nomeadamente ao nível da resistência dos travões e da afinação para optimizar a tracção, não é particularmente desafiante em termos de condução, mas pelo ambiente de todo o fim-de-semana.
Cidade fascinante, Montreal pára positivamente para viver de forma intensa o fim-de-semana de Grande Prémio. Por um lado o circuito é facilmente acessível por transportes públicos (até de metro), apesar de ficar numa ilha artificial… construída precisamente com o entulho retirado das obras para a construção do metro. Por outro, fora dos horários das corridas, toda a cidade está em festa, com excelentes concertos pelas ruas.
Também para nós, europeus, o G. P. do Canadá é das corridas mais simpáticas do ano, não só porque o circuito de Gilles Villeneuve costuma proporcionar corridas sempre agitadas e até com desfechos imprevisíveis, mas também porque qualificação e corrida se realizam ao final da tarde, deixando grande parte do dia livre para outras actividades! A corrida é mesmo o acompanhamento ideal para um jantarzinho assim para o cedo…
Assim, estando Montreal cinco fusos horários atrás de Portugal Continental e Madeira (quatro face aos Açores), as duas primeiras sessões de treinos livres, com hora e meia cada, realizam-se amanhã, a partir das 15 e das 19 horas. No sábado haverá mais uma sessão de treinos livres, com uma hora de duração, a partir das 15 horas. A qualificação vai realizar-se entre as 18 e as 19 horas. Já o Grande Prémio arrancará quando foram 19 horas em Portugal Continental e Madeira, para se cumprirem 70 voltas ao traçado situado na Ilha de Notre Dame que tem um perímetro de 4,361 km.
Sendo uma pista de velocidade média, sem curvas de alta velocidade, é muito de «pára-arranca», ou seja, exige travões eficazes e à prova de fadiga e voa capacidade de saída das curvas mais lentas, em especial do gancho que leva à longa recta em que se costumam concretizar as ultrapassagens… antes da chicane do «muro dos campeões» que dá entrada na recta da meta. Pela característica da exigência constante de fortes acelerações, pode colocar alguns problemas a nível de consumos.
O asfalto é pouco abrasivo e como não há curvas muito rápidas, as cargas que os pneus sofrem – desde que não haja travagens queimadas – também são suaves, pelo que a Pirelli leva as suas três misturas mais macias. Os pilotos escolheram maioritariamente os pneus ultramacios (púrpura), seguindo-se os supermacios (vermelho), pondo lá um ou dois jogos de macios (amarelo)… porque tem de ser!
A má notícia para a festa de Montreal e para o circuito que recebeu o nome de Gilles Villeneuve após a morte do lendário piloto canadiano é que o tempo poderá não estar para colaborar. Para o primeiro dia de treinos, apesar de uma temperatura de 26 ºC, está prevista a possibilidade de aguaceiros ao longo do dia. As condições melhorarão no sábado, sem problemas para a qualificação, mas espera-se nova deterioração para domingo, com chuva e vento pelo menos até ao início da tarde. Esperemos que termine antes da corrida que arrancará às 14 horas locais.
E para terminar uma curiosidade… deveras curiosa! Desde 2006 que um piloto canadiano não corrida o G.P. do Canadá, depois de Jacques Villeneuve abandonar a F1. Este ano, os canadianos podem torcer por Lance Stroll, canadiano… que nunca correu no Canadá! Fez umas provas de «karts» até aos 10 anos mas desde então que passou a fazer toda a sua carreira na Europa e nunca fez sequer uma volta ao circuito de Gilles Villeneuve (sem ser no simulador da Williams), mais uma pista que terá de descobrir manhã, nos primeiros treinos livres.