Às vezes aparece uma ideia peregrina na Fórmula 1 que, sem que ninguém perceba como, lá consegue fazer o seu caminho… Agora foi esta de repetir uma partida parada na grelha, sempre que houver motivo para a entrada de um «safety car» em pista. Só para tornar o espectáculo mais excitante, dizem, esquecendo que, até ver, a F1 ainda vai sendo um desporto, em que convém manter a verdade desportiva o mais preservada possível…
Ecclestone chamou os patrões das equipas para lhes vender a ideia das duas corridas de 40 minutos separadas por um intervalo de 20 minutos, liminarmente rejeitada. Mas falou também na hipótese das partidas paradas após cada «safety car», algo que já tinha tentado introduzir nos regulamentos há dois anos. Vá-se lá saber porquê, a Force India apoiou, na condição de poder construir embraiagens mais resistentes. E os restantes chefes de equipa acharam por bem aclamar… o que tinham mandado retirar das regras para 2015!
Agora, a regra das partidas paradas após cada «safety car» terá de fazer o tradicional caminho do Grupo Estratégico, Comissão de Fórmula 1 e Conselho Mundial. Mas antes, terá de passar por uma discussão interna nas equipas. E, talvez, por um esclarecimento básico: se a cada «safety car» tudo pára para nova partida… para que serve o «safety car»?! Qualquer bandeira vermelha faz o «serviço»!...
Aí, os directores desportivos talvez possam explicar melhor aos seus superiores as implicações de uma decisão com poucos pés e sem nenhuma cabeça. Com exemplos práticos da diferença entre recomeço lançado atrás do «safety car» (em que as alterações de posições são apenas pontuais) e um arranque parado…
Um piloto que tivesse a corrida «no bolso» pode, depois, ficar parado na grelha… Numa corrida com a pista húmida, metade dos pilotos largará do lado seco e a outra do lado húmido, teoricamente com vantagem para os que estão nas posições ímpares, ou seja, melhor para o 3.º face ao 2.º, para o 5.º face ao 4.º e por aí fora… Numa corrida em seco, também quem larga do lado da trajectória tem o asfalto limpo, enquanto o outro lado da pista já está cheio daqueles «berlindes» de borracha que se vão soltando dos pneus e que não permitem qualquer aderência.
Já para não falar na confusão que haverá nas «boxes» em cada «safety car», com todos os pilotos a quererem montar pneus novos para o próximo arranque… Em nome do suposto espectáculo já parece valer tudo! Mas, desta, nem os americanos, sempre acusados de inventar bandeiras amarelas para relançar o interesse das corridas, se lembraram ainda!