O anúncio de que, afinal, o novo sistema de qualificação com eliminação do piloto mais lento a cada 90 segundos, numa espécie de «dança das cadeiras», seria mesmo implementado já no G.P. da Austrália, embora apenas nas duas primeiras das três fases do treino, mereceu críticas por parte dos pilotos. Reunidos ontem, após os testes, com o director de prova da F1, Charlie Whiting, os pilotos mostraram-se contrários às alterações propostas às qualificações.
Foi na «motorhome» da FIA que Whiting recebeu muitos dos pilotos presentes em Barcelona, sendo notadas as ausências de Hamilton (que ainda recentemente defendeu que a FIA devia ouvir mais os pilotos…) e Ricciardo. Assim, durante cerca de uma hora, Perez, Hulkenberg, Vettel, Raikkonen, Rosberg, Gutierrez, Grosjean, Magnussen, Palmer, Verstappen, Sainz, Felipe e Button puderam dar a sua opinião, não só acerca das qualificações mas também sobre outros assuntos.
Contudo, são as novas qualificações que estão na ordem do dia e, nesse aspecto, os pilotos mostraram-se claramente contra as alterações anunciadas, com alguns momentos da discussão mais acalorados. «Não estamos, obviamente, muito satisfeitos com os planos anunciados, esperemos para ver se os podem alterar», declarou Sergio Perez, no final.
O piloto mexicano mostrou-se muito agradado com o facto de a FIA ter chamado os pilotos para os consultar acerca de diversos temas mas, sobre as qualificações, foi muito sincero: «Achamos que poderá ser um sistema complicado para os fãs perceberem, até para nós é… Além disso, achamos que as qualificações no formato actual são bastante boas, não vemos razões para o alterar».
«O Charlie esteve bem ao chamar-nos para nos dar conta destas alterações, quer ouvir a nossa opinião e isso é bom», declarou Kevin Magnussen. «Era bom que no futuro isto sucedesse mais vezes. Agora, nós demos a nossa opinião, mas não está nas nossas mãos decidir o que quer que seja».
Mais uma vez, a F1 conseguiu meter-se numa enorme confusão porque, entretanto, o tempo para a alteração das qualificações está a esgotar-se e o processo complicou-se… Porque o novo esquema «misto» decidido em Barcelona entre os chefes das equipas e ontem revelado necessitaria de ser votado pelo Grupo Estratégico e pela Comissão da F1. Ou, em última análise, de uma decisão unânime das equipas. Ora, sendo verdade que a Ferrari esteve presente na reunião em que foi decidida a qualificação por eliminação, ainda na terça-feira o presidente da marca italiana, Sergio Marchionne foi muito claro a expressar dúvidas quanto à sua concordância…
Se não houver unanimidade, a alteração das qualificações não poderá ser aprovada. E sem essa aprovação, nem será votada pelo Conselho Mundial da FIA que se reúne já amanhã e que é condição «sine qua non» para entrar em vigor na Austrália, como as equipas desejavam. A duas semanas de distância, não se sabe ainda como será a qualificação do primeiro Grande Prémio do ano… Começa a ser difícil levar esta Fórmula 1 a sério…