O circuito de Yas Marina não é indicado para corridas de Fórmula 1 devido às dificuldades que coloca nas ultrapassagens, diz Lewis Hamilton, no que é apoiado por Valtteri Bottas que é da opinião que a natureza desta pista do Abu Dhabi jogou a seu favor na defesa do primeiro lugar na corrida de hoje! Entretanto, foi já anunciada uma alteração do traçado para o próximo ano que poderá ter influência na facilidade em ultrapassar.
«Estamos a estudar a introdução de alterações numa das curvas», confidenciou o arquitecto alemão Hermann Tilke, projectistas dos mais recentes circuitos que recebem a F1, nomeadamente este da Yas Marina, ao canal televisivo «Sky Sports». «Não me perguntem qual é que não vos vou dizer e será uma alteração relativamente pequena que poderá, contudo, ter um grande impacto», prosseguiu Tilke que, relativamente à prova de hoje, colocou a questão sob outro ponto de vista: «Quando temos uma corrida em que os carros partem alinhados exactamente pelo seu nível de rapidez, se temos os mais rápidos à frente dos mais lentos, como esperar que haja ultrapassagens?».
De qualquer forma, Hamilton tinha um carro igual ao de Bottas e, em andamento puro, quando estava sozinho, chegou a mostrar-se mais rápido. «É uma grande pista mas, infelizmente, não se adequa a estes carros. No último sector é impossível seguir outro carro, é uma das piores pistas nesse aspecto», explicou o britânico. «Os engenheiros dizem-me que é preciso uma diferença de velocidades correspondente a 1,4 s por volta para se conseguir ultrapassar outro carro. Por isso, não interessa que carro fosse, seria sempre difícil».
«Chegar tão perto como eu conseguia, mostrava que tinha bom ritmo. Mas assim que entrava naquela diferença de 1,2 s, era como bater numa parede e o carro ‘parava’! Começa a escorregar e a deslizar às quatro rodas, hoje houve muito rali», comentava Hamilton.
Desculpas de quem perdeu uma corrida que adoraria ter ganho?... Nem por isso, pois Valtteri Bottas tem precisamente a mesma opinião, embora até «agradeça» essa característica da pista de Yas Marina. «Senti que o terceiro sector era bom para mim porque é uma parte da pista em que é muito difícil seguir outro carro. Eu próprio me apercebi disso de cada vez que tinha de fazer uma dobragem a um carro mais lento nessa zona, perde-se muito tempo. Por isso sabia que o Lewis teria sempre problemas em aproximar-se nessa parte, o que me permitiu controlar a corrida, numa pista em que toda a gente sabe que não é fácil de ultrapassar».
Será que, daqui a um ano, já haverá alguma novidade que permita melhorar a qualidade do espectáculo? Porque, de facto, e apesar de ter havido variadíssimas ultrapassagens – a maior parte das quais nas zonas de DRS, em especial na segunda –, há muito que não assistíamos a um Grande Prémio com tão pouca emoção e lutas, mesmo pelas posições secundárias.