Não há nada como ver as coisas ao vivo para se perceber, não só o entusiasmo que provoca nos milhares de pessoas à sua volta – e foram 93 mil em Monza, só no domingo! –, mas também como as coisas funcionam e qual o caminho que estão a tomar. E, depois de ver «in loco» o G.P. de Itália e tendo já estado presente nas últimas reuniões que vão debatendo o futuro dos motores da F1, a Porsche parece estar a entusiasmar-se com a possibilidade de regressar!
Pelo menos foi o que deixou escapar Lutz Meschke, director financeiro e membro do conselho executivo da marca alemã que chegou a estar reunido com Ross Brawn em Monza, além de assistir ao que se passou em pista. «A F1 pode ser uma das competições correctas para nós», afirmou Meschke ao site «Motorsport», recordando que a sua marca, depois de cancelar o programa de protótipos, se comprometeu a entrar na Fórmula E mas apenas na sexta época, ou seja, 2019/2020.
«Como se sabe, a Fórmula E é muito importante para nós, mas a F1 é sempre um bom assunto para reflectirmos. Acho que as conversas sobre os novos motores têm corrido muito bem porque têm ido na direcção de diminuir os custos na F1 que é o que é necessário fazer», referiu aquele responsável da Porsche. Recentemente, Christian Horner, da Red Bull, sugeriu que acabaríamos por ter, a partir de 2021, motores V6 biturbo com um normal sistema KERS de recuperação da energia de travagem. Solução que parece agradar a Meschke: «Parece-me uma boa forma de atingir a meta da redução de custos».
O que parece que está definido é que, no caso de as regras de motores para depois de 2021 lhe agradarem e a Porsche decidir mesmo voltar à F1, será sempre como fornecedora de motores e nunca como equipa «de corpo inteiro». E a Red Bull, pelas ligações que sempre manteve com o Grupo VW – veja-se o Dakar, WRC e agora no Ralicrosse – estaria em posição privilegiada.
O que a Porsche não quer, de forma alguma, é repetir a última experiência na F1, ainda hoje traumática para amítica marca de automóveis desportivos! Uma ligação à Footwork na época de 1991, equipa nascida das «cinzas» da Arrows supostamente bem suportada financeiramente por um milionário japonês e para quem construiu um V12 atmosférico. Mas o motor era demasiado volumoso e pesado, e a integração no chassis sempre foi problemática. Não conseguiu qualificar nenhum dos carros guiados por Michele Alboreto e Alex Caffi no Brasil e em S.Marino (Imola), com Caffi a falhar no Mónaco e Stefan Johansson (que substituíra Caffi) no México. A ligação Footwork/Porsche só duraria os primeiros seis Grandes Prémios da temporada, antes de a marca alemã se retirar…