Ross Brawn, agora um dos vice-presidentes do novo Formula One Group, encarregue de encontrar novos caminhos, técnicos e desportivos, para fazer evoluir o espectáculo Fórmula 1, quer arranjar forma de acabar com as «barbatanas de tubarão» e aqueles apêndices aerodinâmicos extra. Que acabaram por, de certa forma, frustrar as expectativas dos fãs de ter, este ano, os monolugares mais espectaculares de sempre…
O britânico, como ex-projectista, sabe bem que os engenheiros das equipas não estão lá para fazer carros bonitos e que aproveitaram as entrelinhas do regulamento para levarem mais longe os benefícios aerodinâmicos. Não os culpa por isso, mas sempre vai dizendo: «Como sucede sempre que há novas regras, há pequenas coisas que têm de ser ajustadas. E estou a pensar nessas ‘barbatanas de tubarão’ na traseira dos carros, é altura de nos debruçarmos sobre isso».
«Um dos objectivos destas novas regras era tornar o visual dos carros mais agressivo e excitante. Mas a aparição dessas coisas e daqueles apêndices periféricos pode desviar a atenção dos fãs e arrisca-se a estragar todo o aspecto visual», acrescentou Brawn. «Tudo isso é consequência dos novos regulamentos, mas não era a sua intenção. Portanto precisamos de, com o decorrer do tempo, fazer desaparecer as consequências indesejadas. E tornar o visual um pouco mais puro». O britânico parece alinhar, assim, com as pretensões já manifestadas pela Red Bull de «fazer campanha» para o desaparecimento das «barbatanas» nos carros de 2018…
Apesar disso, Brawn elogia o resultado dos novos regulamentos técnicos: «Do ponto de vista puramente estético acho que se conseguiu um belo resultado. Os carros são mais agressivos, as proporções são mais equilibradas. Não são apenas mais rápidos e impressionantes nas curvas como são bastante mais físicos de guiar, segundo me disseram vários pilotos».
Falta, contudo, a prova final: irão as corridas melhorar?! «Teremos de ver, quando a época começar, com estas novas regras e pneus, como conseguirão os pilotos competir uns com os outros. É um elemento crucial e que ainda está em aberto… E teremos, no futuro, de ver como poderemos melhorar as possibilidades de ultrapassagem».
A este propósito, Ross Brawn faz uma revelação curiosa: «Os regulamentos dos carros vão agora passar por um período de estabilidade. Mas o que gostava era de encontrar uma forma de permitir que as ultrapassagens pudessem voltar a ser feitas com normalidade, de forma a podermos dispensar o DRS. O DRS foi um sistema que nos resolveu um problema que existia e não temos pressa em fazê-lo desaparecer, mas o ideal seria recuperar a capacidade dos carros conseguiram ultrapassar-se naturalmente, sem necessidade do DRS», disse o engenheiro britânico, embora sem esconder que isso ainda demorará o seu tempo.