É verdade que é a segunda vez que a Fórmula 1 vai correr no denominado Baku City Circuit mas este fim-de-semana realiza-se o primeiro Grande Prémio do Azerbaijão. E assim é que está certo, porque aquela ideia de, há um ano, terem chamado G.P. da Europa a uma prova que se realiza já bem dentro do continente asiático, nas margens do mar Cáspio, ofendia as mais básicas noções de Geografia…
Será o Grande Prémio mais… profundo da temporada, já que Baku, cidade de 2,1 milhões de habitantes, se encontra 28 metros abaixo do nível do mar. Graças aos petrodólares, o governo do Azerbaijão conseguiu que a capital do país acolhesse a Fórmula 1 num circuito citadino «sui generis», nunca visto, que Max Verstappen definiu muito bem ao dizer tratar-se de uma mistura entre Mónaco… e Monza!
Tem, de facto, uma zona de curvas pouco interessantes, a 90º, que levam à zona antiga da cidade. Aí, a pista encontra as muralhas do antigo castelo, na parte mais estreita que a F1 encontra em todo o Mundial e que, há um ano, valeu um dissabor a Lewis Hamilton na qualificação. Uma zona considerada património mundial da Unesco e que todos os anos recebe uma camada de asfalto sobre o empedrado que é o piso original, retirada após a prova.
Em contraste com essa zona mais lenta, a pista citadina de Baku tem três pontos onde os carros rodam acima dos 300 km/h, característica única em circuito citadinos e não muito vulgar em autódromos permanentes. Tem também a zona mais longa de todo o Mundial em que os F1 andam a fundo, com mais de 2 km, com final na recta da meta, onde o Williams de Valtteri Bottas passou, no ano passado, os 372 km/h! Com duas zonas de DRS, é uma pista citadina que oferece algumas possibilidades de ultrapassagem.
Pensava-se que, afastada a coincidência de datas com Le Mans, verificada no ano passado, o horário de treinos e corrida em Baku avançasse uma hora para se adaptar ao esquema habitual das provas europeias. Mas não, tudo se manteve igual ao ano passado, com a corrida a começar às cinco da tarde locais, naquele que ainda é o fim-de-semana com mais horas de luz da temporada de F1, escassos dias após o solstício de Verão.
Assim, os primeiros treinos livres arrancarão amanhã, pelas 10 horas de Portugal Continental e Madeira (menos uma hora nos Açores), realizando-se a segunda sessão a partir das 14 horas, tendo ambas a duração de hora e meia. No sábado, a terceira sessão de treinos livres decorrerá entre as 11 horas e o meio-dia, para a qualificação se iniciar às 14 horas. À mesma hora, mas de domingo, arrancará o primeiro G.P. do Azerbaijão (segundo em Baku), composto por 51 voltas ao traçado de 6,003 km de extensão.
Apesar de se tratar de um circuito citadino, as elevadas velocidades atingidas e a perspectiva de treinos e corrida se realizarem sob altas temperaturas levaram a Pirelli a jogar de novo pelo seguro e, tal como há um ano, a optar pelos pneus supermacios (vermelho), macios (amarelo) e médio (branco). No ano passado houve um elevado grau de degradação dos pneus, havendo mesmo jogos que mal chegavam a durar dez voltas, embora esta época, também pela maior largura das borrachas, se assista normalmente a maior resistência dos pneus.
Se em termos de resultados se espera a continuação da luta aberta entre Mercedes e Ferrari, há, contudo, uma certeza absoluta: teremos um piloto a estrear-se a fazer a «pole» e a vencer em Baku! Porque, há um ano, foi Nico Rosberg quem fez as duas coisas, pelo que repeti-lo está totalmente fora de hipóteses!