Já não bastava a qualificação para o G.P. da Hungria ter sido tão conturbada pelas súbitas bátegas de água que inundaram o Hungaroring, fazendo a sessão de uma hora prolongar-se por quase duas, como ainda foi dia de… «São Complicómetro»! Porque de um treino que terminou às 15 horas de Portugal Continental e Madeira os resultados só foram confirmados mais de cinco horas depois!
Por um lado por causa da polémica em torno da «pole» de Rosberg, justificada e esclarecida com facilidade e transparência. Mas, por outro, foi-se inventar um problema aplicando uma regra que, existindo de facto, não só já se tornou anacrónica na F1 actual como não fazia sentido num dia como o de hoje. Basicamente, os dois Red Bull, os dois Force India e Valtteri Bottas estiveram a um passo de ser relegados para o fundo da grelha!
E porquê? Porque, no Q1, não tinham cumprido a regra dos 107%, pelo que deveriam, pura e simplesmente, ser excluídos da qualificação, alinhando no fundo da grelha pela ordem dos tempos no terceiro treino livre. Apesar de terem entrado no grupo dos 16 carros qualificados para o Q2, Ricciardo, Verstappen, Hulkenberg, Bottas e Perez tinham tempos superiores aos 107% da marca de Hamilton. Caso em que o regulamento estabelece que não poderão participar na corrida, a não ser em circunstâncias excepcionais e no final da grelha…
Esta regra dos 107% foi criada há muitos anos, quando havia equipas com carros muitíssimo mais lentos que os da frente e cuja diferença de velocidades era tal que até poderiam ser perigosos, além de darem má imagem à F1. Por isso foi criada esta lei, para afastar da corrida os monolugares que não conseguissem fazer melhor que 107% do tempo da «pole», para haver uma «fasquia mínima» de qualidade.
Na F1 actual, contudo, em que o pelotão está mais compacto que nunca, essa regra já não faz qualquer sentido e já há alguns anos que é sempre invocada para, depois, ser… posta de lado por se ter tratado de um motivo excepcional. Por exemplo, um piloto que tem um acidente ou um problema logo no início da qualificação e não chega a marcar um tempo significativo.
Mas como hoje foi dia de «São Complicómetro», lá se foi desenterrar a regras dos 107% para ter a grelha de partida para o G.P. da Hungria em suspenso durante quase seis horas, sem se saber se os Red Bull, os Force India e o Williams de Bottas iriam ser recambiados para o fundo da grelha.
Muitas horas de «suspense» e a decisão? As circunstâncias excepcionais justificam a manutenção dos lugares da grelha e a não aplicação daquela regra. Como sempre… Mais uma vez, o lema da F1: se se pode complicar, para quê simplificar?!